quinta-feira, 15 de abril de 2010

Estuda, tchê: Ritos

Segundo Summer, o rito é um processo suscetível de estabelecer e desenvolver costumes, o RITO é constituído por ações estandardizadas, baseadas sobre uma disciplina escrita e ligada à fórmulas, gestos, símbolos e sinais se um determinado significado para a sociedade que o engendrou. O rito pode adquirir uma certa estabilidade, quando executado ritmicamente e acompanhado de músicas, versos, danças ou cantos. Na religião, o rito representa um processo específico de comunicar-se com forças sobrenaturais.

Cruz de Estrada: cruz marcando locais onde ocorreu morte trágica. É costume colocar uma pedrinha no local, rezar ou benzer-se.

Santa Cruz:
as que são erguidas nos lugares onde haja capelas ou por onde passaram missionários. Aí são acesas velas ou feitas devoções com finalidade de pagar promessas, ou alcançar graças.

Cruz Mestra:
cruz maior, encontrada em certos cemitérios. As pessoas, distantes dos locais em que se encontram seus entes enterrados, aí rezam ou acendem velas para alma do Purgatório.

Capela: pequeno nicho, gruta com Santo à beira da estrada; costume comum em área de colonização italiana.

Promessa: algumas são em forma de “ex-votos”; outras em penitência: oferecer mechas de cabelo ou tranças (provindo do costume romano de oferecer a cabeleira a Apolo na chegada da puberdade); não cortar o cabelo até a idade X em troca de favor; subir de joelhos escadas de igreja. É uso no litoral do RS, doar para leilões de igreja massas antropomorfas. Figuras zoomorfas, embora não ligadas à partes do corpo, são dadas em intenção de obter boa saúde. Nestes casos está o lagarto, muito comum. A promessa pode ser feita com novenas, terços cantados, privar-se de diversões, vestir roupa especial para procissões, andar descalço, deixar crescer o cabelo. Em Criúva, a Dança de São Gonçalo é motivo de promessa.

Ex-votos: o ex-voto representa, simbolicamente, o que se oferece em regozijo à graça alcançada. Pode aparecer sob a forma de quadro, imagem, desenho, escultura, sitoplástica, fotografia, peça de roupa, fita, mecha de cabelo, etc. Estes ex-votos acham-se, geralmente, junto às capelas ou lugares considerados sagrados (Gruta da Glória/Porto Alegre; Gruta do Rio das Antas).

Romaria:
vários locais dão motivos para romarias: túmulo do Padre Reus (São Leopoldo); túmulo do Padre Roque Gonzales (Missões); Igreja de Caravaggio (Farroupilha); Romaria de Santo Antão (Santa Maria); Romaria na igreja de Santa Rita de Cássia (Porto Alegre).

Mesa dos inocentes:
promessas que consistem em dar de comer a sete crianças com menos de sete anos em mesa colocada no chão. Na cidade de Mostardas, distribuem mãozinhas feitas de pão às crianças.

Promessas de bandeira: em pagamento de promessa, pedir chuva, afastar peste, pequenos grupos saem com a bandeira do Divino, percorrendo distância delimitada.

Ritos de morte: atirar três punhados de terra sobre o caixão que desce à cova.

Mortalhas: vestir crianças de anjo e moças de noiva ou com roupas de santos; colocar vela na mão de agonizante; fechar olhos do morto; abrir todas as portas e janelas quando morre alguém e fechá-las após enterro são ritos que se preservam.

Coberta d'alma:
ritual que consiste em doar roupas novas a um amigo do falecido, para que ele possa entrar leve no céu e sua alma, se aparecer, estará de roupa nova. Quem veste a coberta d'alma deve dizer, no momento em que colocar cada peça: “Fulano, esta é a última camisa que tu vestes”, etc. Igualmente, assistir à missa de sétimo dia e a de mês, com a mesma vestimenta.

Recado ao morto: esta tradição, provinda dos romanos e introduzida pelos portugueses é encontrada em várias localidades, consiste em pôr o bilhete, com pedidos, no caixão. Também, escrevem-se recados ou pedidos sobre túmulos (Mão Preta, em Bagé; Armando Cruz, em Cruz Alta; Getúlio Vargas, em São Borja).

Enterro de anjo: crianças, que morrem antes do batismo ou nascem mortas, recebem sepulturas em local separado dos demais.

Velório da cruz:
cerimônia na qual velam a cruz definitiva que irá para o túmulo do falecido. A cruz é batizada, tendo início o ritual, sete dias após a data do falecimento, porém respeitando-se a mesma hora. (Missões)

Excelências ou Incelências: benditos e frases rimadas, entoadas pelos cantores junto ao defunto. A incelência é de introdução portuguesa e cantada até doze para adultos, e 9 incelências para crianças. Alguns cantadores chamam a última de derradeira. Estas cantorias também são usadas para aplacar tempestades ou pedir chuva.
Fonte: Rio Grande do Sul, Aspectos do Folclore - Lilian Argentina Marques e outros.

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