sábado, 31 de dezembro de 2016

Minha história no Blog Cultura Gaúcha - Folha do Mate

Bom diiia meus amores!!!
Tudo bem?

Volto aqui nestas últimas horas de 2016 pra fazer um post mega especial em agradecimento à minha amiga tradicionalista de longa data, Beatriz Colombelli.
Ela é a responsável pelo Blog Cultura Gaúcha, do Jornal Folha do Mate de Venâncio Aires, e no dia de hoje fez uma matéria linda contando um pouquinho da minha trajetória no Movimento, minhas conquistas, a busca por muitas realizações, e parte do meu currículo tradicionalista.

Leia aqui: Sonhos e realizações: Pelos Caminhos da Tradição

Só tenho agradecimentos.
A Bea acompanhou grande parte das minhas conquistas, esteve presente apoiando, torcendo e registrando por várias vezes... e hoje transforma em belas palavras esse sentimento chamado "amor às tradições gaúchas".
Foi uma história linda, verdadeira, intensa.

Eternamente feliz.

Não tinha maneira melhor de encerrar este ano :D
Um beijo no coração de vocês, e agora sim....
Até 2017! *-*

Estuda, tchê: Muckers

O episódio dos Muckers classifica-se como movimento messiânico, porque sua líder Jacobina Mentz Mauer apresentava-se como reencarnação de Cristo, prometendo criar a cidade de Deus para seus eleitos. Quando menina, Jacobina era sensível, entrando em transe e sofrendo desmaios ao ser repreendida por sua severa mãe. Seu avô, Libório Mentz, que era um pregador místico da seita pietista, fora expulso de sua aldeia na Alemanha. Jacobina, criada numa atmosfera de exagerada disciplina religiosa, desenvolveu seu êxtase místico. Hoje certamente ela seria considerada como médium, tanto na umbanda como no espiritismo.

Jacobina casou em 1866 com João Mauer, carpinteiro e curandeiro. A fama de Mauer se esparramou na colônia de São Leopoldo. Jacobina auxiliava o marido, diagnosticando doenças quando entrava em transe.

Os colonos, principalmente os protestantes, reuniam-se aos domingos na casa de Mauer, no sopé do morro Ferrabrás (hoje município de Sapiranga), para tratar de suas doenças e encomendar serviços de carpintaria. Jacobina aproveitava a ocasião para ler e interpretar a Bíblia, entoando cânticos sacros. Surgiu assim a comunidade religiosa que, em 1868, o pastor de Dois Irmãos, João Brutschin apelidou de Mucker, que significa santarrão, falso religioso. Os adversários da seita foram denominados de Spötter, debochadores.

No dia de Pentecostes, a 19.05.1872, estando reunidos os fanáticos, Jacobina recolheu-se ao quarto. Ouviu-se um estouro e quando as pessoas entraram viram apenas as roupas da profetisa na cama. Todos se retiraram para a sala a cantar. Ouviu-se novo estrondo e Jacobina apareceu vestida de branco, dizendo que estivera no céu. João Jorge Klein, que dizia ser pastor, ajoelhou-se reconhecendo-a como Cristo. Ela escolheu seus apóstolos, que deveriam obedecer e vigiar os companheiros.

Filipe Sehn, que assistira à sessão, redigiu junto com o professor Weiss, um requerimento ao delegado de polícia, com 47 assinaturas, solicitando intervenção policial para repor a ordem e a tranquilidade na colônia. Os colonos achavam que a ordem fora quebrada porque os Muckers não fumavam, não bebiam e não iam a bailes, comportamentos diferentes dos demais colonos germânicos.

A situação agravou-se quando os fanáticos retiraram seus filhos das escolas comunitárias católicas e protestantes. Há também uma intriga política a ser considerada: o delegado Lúcio Schreiner queria os votos de Mauer e seus adeptos. Maurer negou-se a participar das eleições, que na época não eram obrigatórias.

A polícia prendeu Maurer e depois Jacobina, que estava em transe. Em São Leopoldo nem o médico conseguiu despertá-la, só os cânticos dos fiéis a acordaram. O casal Mentz Mauer e Jacó das Mulas foram remetidos presos a Porto Alegre. A polícia proibiu reunião da seita. O Presidente da Província considerou que não havia crime político, mas apenas brigas de vizinhos, sendo assunto para a polícia local. Os três retomaram à colônia para o júbilo dos fanáticos que se armaram e construíram uma casa de alvenaria, impropriamente denominada de fortaleza.

Os ânimos tornaram-se mais tensos, com os fanáticos acreditando que estavam protegidos por Cristo, isto é, por Jacobina. A culpa de tudo que acontecia de ruim nas comunidades católica e protestante era jogada sobre os Muckers. O inspetor João Lehn sofreu atentado à bala e as autoridades de São Leopoldo, com escolta de soldados, prenderam 33 Muckers, menos Jacobina, porque ela caiu em transe e não havia carroça para transportá-la. Da capital veio ordem para libertar os fanáticos. Enquanto os companheiros estavam presos, os demais muckers enviaram um memorial a D. Pedro II, contando as perseguições que sofriam. O imperador mandou o memorial ao Presidente da Província e este, ao delegado de São Leopoldo que continuou a hostilizar os fanáticos.

Os Muckers passaram a agir com violência. A casa de Martinho Kassel, ex-mucker, foi incendiada, morrendo a mulher e filhos. Depois foi à casa do comerciante Carlos Brennerm com assassinato de crianças. Os Muckers atacaram e incendiaram as vendas de Filipe Klein e de Jacó Schimidt, passaram pela casa de Clemente Klay, matando-o e queimando o galpão. Na mesma noite foram à casa de um tio de Mauer, que não queria entrar na seita, liquidando-o e a seu irmão. Na Picada Nova, oito muckers atacaram o comerciante e inspetor de quarteirão Miguel Fritsch, depois o comerciante João Daniel Kolling. Os moradores se reuniram em perseguição aos assassinos que foram atacados na travessia do rio Cadeia, morrendo um colono e um fanático.

Em 28.06.1874, o coronel Genuíno Sampaio chegou com 100 soldados à venda de Pedro Serrano, esperando que os fanáticos se entregassem, assustados ao verem os soldados marchando. Da venda de Pedro Serrano partiam duas estradas contornando a mata e se encontrando em frente do reduto dos fanáticos, no sopé do morro Farrabrás. A infantaria seguiu pela estrada da direita, enquanto a artilharia marchava pela esquerda, tentando um envolvimento dos muckers.

A infantaria, comandada pelo coronel Sampaio, deu em campo lavrado, onde os soldados perderam a formação. Os muckers, dissimulados atrás de troncos das árvores, atiraram nos soldados que formavam alvos perfeitos com seus casacos vermelhos contra o fundo verde da vegetação. Só então o coronel Sampaio descobriu que os soldados eram recrutas e não sabiam atirar. A artilharia também atolou em terreno lavrado, quebrando os reparos das peças. Os soldados tiveram 39 baixas, enquanto os fanáticos tiveram apenas 6, realizando-se a profecia de Jacobina que ninguém morreria, desde que cresse nela.

A 18.07.1874, Genuíno Sampaio comandou o segundo ataque, seguindo o mesmo plano. Os canhões novamente silenciaram por falta de solidez do terreno. Os artilheiros, comandados pelo capitão Dantas, avançaram e cercaram a casa que ardia em chamas. Os revoltosos preferiam morrer a se entregar, pois Jacobina prometeu que ressuscitariam. Os artilheiros entraram na casa, tentando salvar as mulheres e crianças. Morreram 16 muckers, que foram sepultados em vala comum. Durante o ataque, Jacobina conseguiu fugir com alguns adeptos para o morro Ferrabrás.

O coronel Genuíno mais uma vez subestimou os adversários e não levou serviço médico, os feridos não tinham nem ataduras. A noite, dentro de sua barraca, Genuíno levou um tiro na região glútea. Os oficiais resolveram esperar o amanhecer para conduzir o comandante com segurança para São Leopoldo. Ao amanhecer, Genuíno Sampaio estava morto por hemorragia.

O novo comandante, coronel Augusto César da Silva destacou 50 soldados para atacar o Ferrabrás. No dia 21.07.1874, depois de duas horas de combate, os soldados bateram em retirada. Quatro dias depois, 50 colonos tentaram subir o morro e foram derrotados. O capitão Dantas deu instrução de tiro a 150 soldados em São Leopoldo e ordens para atingirem as túnicas de verde.

Em toda seita religiosa sempre há o Judas. Na dos muckers foi Carlos Luppa que se apresentou ao delegado de polícia em São Leopoldo, para guiar os soldados até o reduto dos fanáticos no morro do Ferrabrás, em troca da diminuição de sua pena.

Na madrugada de 02.08.1874 o traidor conduziu os colonos por trás do morro, matando duas sentinelas, até a cabana onde se abrigavam Jacobina e 16 fiéis. Morreram todos os muckers com o violento tiroteio.

O sofrimento dos muckers sobreviventes ainda continuaria. Durante oito anos penaram de prisão, sofrendo humilhações, não conseguindo a reunião de um tribunal de júri disposto a julgá-los. Depois de perdoados e soltos, continuaram vítimas de perseguições dos colonos amedrontados e rancorosos.

Em 1902, na Terra dos Bastos, o colono Alvino Schröder deixou a mulher em casa com os filhos e foi ao baile com a empregada, retornando mais tarde para ver a família. Depois voltou ao baile apavorado e gritando que toda a família fora morta pelos muckers que moravam ali perto. Os colonos atacaram as casas de Jacó Graegin, Filipe Noé e Luís Kunzel, massacrando as famílias indefesas.

Mais tarde a empregada e amante de Albino Schröder, atormentada pelo remorso, confessou que fora ela quem assassinou a mulher e os filhos, jogando a culpa nos vizinhos muckers.

Por que os colonos esqueceram os princípios cristãos e mataram em nome da religião?

O padre Ambrose Schupp, narrando o episódio em forma de novela, sem analisar o contexto histórico em que se inseria a colônia, considerou como causa do surgimento da seita a falta de instrução e de assistência espiritual. Leopoldo Petry classificou o movimento como revolta contra a arbitrariedade de órgãos policiais. Klaus Becker considerou Jacobina como doente mental e o pastor João Jorge Klein como homem fracassado que muito influiu na seita. Olyntho Sanmartin, baseado em relatório do capitão Dantas, narrou os fatos militares contra o reduto dos fanáticos. Janaína Amado estudou as estruturas sociais através dos meios de produção, caracterizando o movimento como luta de classes entre os colonos e os donos dos minifúndios. Moacyr Domingues, utilizando farta documentação, estabeleceu uma narrativa de fatos dentro do contexto colonial. Fidélis Dalcin Barbosa também apresentou uma narrativa novelesca, em estilo simples, apoiando-se nos autores anteriormente citados. O romancista Josué Guimarães usou o episódio do Ferrabrás como pano de fundo para seu romance A Ferro e Fogo. Arthur Rabuske analisou a obra do padre Schupp em vários artigos no suplemento literário do Correio do Povo. Finalmente, o cineasta Bodanski realizou um filme maravilhoso como arte cinematográfica, mas deturpou a história com mensagens ideológicas seguindo o materialismo histórico. A paixão de Jacobina, do diretor Flávio Barreto, com Letícia Sppiler no papel-título, é mais uma criação artística cinematográfica que se afasta da realidade.

Não podemos esquecer que a intolerância religiosa entre os diferentes ramos do cristianismo, com raízes na Europa, encontrou terreno fértil na colônia, graças à falta de habilidade das autoridades.

Católicos, protestantes e muckers não souberam argumentar com reciprocidade, apenas impuseram seus princípios com violência, ocasionando a destruição do grupo menor que pretendia alcançar seus objetivos, sem refletir sobre os meios, sacrificando pessoas em nome de uma utopia religiosa.

Deve-se acreditar na pessoa tal qual ela é.

Fonte: 
Livro História do Rio Grande do Sul
Moacyr Flores

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Happy New Year ♥

Queridos que fazem os meus dias bem mais felizes!
Tudo bem?

Blog de cara nova... Gostaram? Achei tão fofiinho 

Tenho muito a agradecer por todo carinho e retorno que me proporcionaram neste ano que está findando. Com certeza 2016 foi um ano muito difícil para muitos... um ano sofrido para o país, com muitas lembranças tristes, e doloridas. Porém devemos olhar pra frente, projetar o futuro, ter esperança e acreditar que tudo vai melhorar. E neste ano tão sofrido, algumas das minhas maiores alegrias foi certamente a visibilidade que o Cantinho Gaúcho conquistou, e tudo isso, graças a vocês que nos acompanham dia a dia por aqui.

Sério, vocês são demais!
Fico imensamente feliz em proporcionar informação, cultura, materiais de estudo, e por muitas vezes também algo alternativo, como entrevistas e posts de humor... já que o nosso Cantinho é livre de roteiros e pré-definições. Aqui o comando também é de vocês. Publico o que vocês gostam e o que vocês me enviam, divulgo os eventos das suas entidades, projetos culturais... ajudo a disseminar o que for pro bem do nosso Movimento.

Também agradeço imensamente aos nossos parceiros deste ano, que ajudaram a valorizar, e muito, o Cantinho Gaúcho. Obrigada!!!

2016 foi o ano com maior número de postagens... 300!!! Uaau.
Até então era 2012, com 185. Baita crescimento heim!?
A dedicação foi intensa, teve dias com quatro, cinco posts...
E tudo isso graças a ajuda e aos pedidos de vocês.
Neste ano (não me lembro exatamente o mês rsrs) alcançamos a marca de MEIO MILHÃO de visualizações no blog como um todo e, incrivelmente, nos últimos meses a visibilidade foi tão grande que já estamos chegando perto do UM MILHÃO! Esse número vocês podem acompanhar bem abaixo, na coluna à direita das postagens.
Será que teremos um início de ano comemorando mais uma marca impressionante no Cantinho Gaúcho??? Quero ver!!! \o/

Neste ano também tiveram alguns destaques em postagens, que pra minha feliz surpresa "viralizaram" entre os tradicionalistas, e tomaram as redes sociais *-*
O texto "Não somos gaúchos de setembro" alcançou até o momento 114.135 visualizações, e o nosso maior recorde, "Coloque teu filho em um CTG", está com 157.803.
Isso é surreal! Nunca, nunquinha imaginei esses números em meu blog.
Quando vejo algum jogo de futebol com estádio lotaaaado, 60 mil pessoas... penso: Caraca, quatro vezes a quantidade de pessoas que está neste estádio agora leu meu texto. rsrsrs
Bobinha eu né? Mas a alegria é tanta que comemoro, faço dancinha, dou risada sozinha.
Realmente, meu 2016 foi mais feliz por conta de vocês.

Então vou parando por aqui, agradecendo novamente e desejando um 2017 maravilho a todos.
Que possamos ser felizes e abençoados!
Torço por mais paz, mais amor, mais perdão... menos rancor, inveja e ingratidão.

Juntos somos mais fortes!
Sigamos em frente... que o futuro a nós, e a Deus pertence.

Um beijo grande, e até o ano que vem! ;*

Estuda, tchê: Sociedade Missioneira

Missão dos Carijós (1555-1640)

Em sua carta de 08.05.1558 o padre Manuel da Nóbrega referiu-se que a região dos índios carijós, litoral de Santa Catarina e nordeste do Rio Grande do Sul, fora visitada pelo padre Leonardo que encontrou os índios sem antropofagia e batizados por missionários franciscanos itinerantes, desde 1552.

No ano de 1555, os carijós mataram os missionários João de Souza e Pero Correia, revoltados pela ação dos pombeiro, como eram chamados os caçadores de índios. A União das Coroas Ibérica (1580-1640) facilitou o avanço luso-brasileiro para o sul, porque então não havia mais o meridiano de Tordesilhas, apenas um monarca reinava nos dois territórios.

A Companhia de Jesus tentou estabelecer a Missão dos carijós com os padres João Lobato e Jerônimo Rodrigues, que com sete índios partiram de Santos a 27.03.1605, chegando à região de Laguna a 11 de agosto, evangelizando os carijós por dois anos. A catequese foi dificultada pelo maioral indígena Tubarão, que capturava os índios para os pombeiros. Os dois missionários estabeleceram contatos com os arachãs na Laguna dos Patos, que não quiseram acompanhar os missionários a Santos. Os jesuítas retornaram a Santos levando 150 carijós, que lhes foram arrebatados e escravizados pelo capitão-mor.

Em 1609 os jesuítas Afonso Gago e João de Almeida partiram do Rio de Janeiro para região dos carijós, mas foram atacados pelos nativos e retornaram ao porto de origem. Nesse mesmo ano, jesuítas saíram de Assunção e entraram em Guairá, como veremos a seguir.

Houve nova tentativa com os missionários João de Almeida e João Fernandes na ilha de Santa Catarina, em 1617. Os missionários foram expulsos pelos escravistas luso-brasileiros. Os missionários contataram com o cacique Anjo, dos arachãs, junto ao rio Araranguá, depois retornaram ao Rio de Janeiro em 23.03.1619.

No ano de 1622 os padres Antônio de Araújo e João de Almeida chegaram às terras do morubixaba Caibi (Santo Antônio da Patrulha), que se mostrou hostil. Os padres recuaram até Laguna, de onde os pombeiros terminaram por expulsá-los.

Seguindo o projeto de colonização espanhola, o padre Roque Gonzáles de Santa Cruz atravessou o rio Uruguai para fundar a redução de São Nicolau, na região do Tape.

Os padres Inácio se Siqueira e Francisco de Morais, em 1635, acompanhados de carijós cristãos chegaram de patacho em laguna, onde encontraram 62 embarcações de pombeiros que planejavam capturar 1.300 índios. Os missionários encontraram a região despovoada, com os índios se escondendo no mato e passando fome, porque não podiam cultivar suas roças, com medo de serem escravizados.

Os inacianos Francisco de Morais e Francisco Bamba realizaram a última tentativa de evangelização, conseguindo reunir 200 carijós para as missões no Rio de Janeiro, mas foram atacados pelos escravistas que destruíram o barco dos missionários e apresaram os índios.

Portugal conseguiu sua restauração em 1640. O fim da União das Coroas Ibéricas terminou com o ciclo dos pombeiros paulistas na região sul e com as missões dos padres portugueses. Restavam as missões do outro lado do Meridiano de Tordesilhas, que pertenciam à Espanha.

Reduções de Guairá (1610-1628)

As terras de Guaíra ou Guairá ficavam a oeste do atual estado do Paraná, ocupadas por encomiendas e pelas cidades espanhola de Ciudad Real (1550), Villa Rica do Espírito Santo (1570) e Copacabana. Os índios encomendados prestavam serviço ao dono da terra, em troca de proteção e catequese.

Havia uma rota comercial por terra, seguindo antiga trilha indígena, desde São Vicente, subindo o planalto até São Paulo, seguindo por Villa Rica até Ciudad Real. Os espanhóis das duas últimas cidades serviam de intermediários na venda de índios para os paulistas, em troca de ferramentas, marmelada, açúcar, vinho e tecido. Esta rota seguia até Assunção, no Paraguai, continuando até a mina de prata de Potosi. Outra trilha seguia pelo rio Tietê e palo rio Iguatemi, de onde saía uma trilha para Assunção e outra para Cuiabá, continuando até Cuzco, no Peru, em busca de ouro. A terceira rota era pro mar, desde São Vicente até a ilha de Santa Catarina, passando para o continente e subindo a trilha dos índios, descendo o rio Iguaçú até próximo da sua foz, de onde partia uma trilha para atravessar o rio Paraná acima das Sete Quedas, terminando em Assunção.

Nestas rotas comerciais, a escravidão dos índios surgiu como negócio rendoso porque os holandeses atacaram e tomaram os entrepostos portugueses na Guiné e em Angola, controlando o tráfico negreiro. Durante a União Ibérica o indígena passou a substituir o negro nos engenhos da Bahia e da Baixada Fluminense. Como era proibido escravizá-los, a não ser em guerra justa, os índios chegavam a São Paulo rotulados de negros fugidos.

Depois que os paulistas liquidaram com a população nativa no litoral de Santa Catarina, as malocas, expedições paulistas de caça aos índios passaram a devastar a região de Guairá. Os índios se refugiaram nos matos. Os colonos espanhóis pediram ao bispo de Tucumã missionários para reunir os índios em reduções a fim de civilizá-los. Civilizar significa transmitir aos índios a fé cristã e valores da cultura Ibérica. Chamava-se de missão a ação de evangelizar os índios. A fim de que esta ação fosse contínua, os missionários reduziam os índios, isto é, confinavam os catecúmenos num determinado espaço, chamado de redução, aldeia ou pueblo. Erroneamente o termo pueblo foi traduzido como povo, quando o correto seria povoado.

Nas reduções os índios estavam a salvo dos encomendeiros espanhóis e das malocas paulistas, porque os jesuítas não entregavam os nativos para a escravidão. Os espanhóis escravizaram os indígenas para o trabalho escravo nos ervais nativos da Serra de Maracaju. Segundo o testemunho do padre Ruiz de Montoya, esse trabalho consumiu a vida de milhares de índios, que carregavam fardos superiores ao seu próprio peso, morrendo pelos maus tratos e pela falta de alimentos.

Em 1609 os jesuítas José Cataldino e Simão Masseta penetraram em Guairá e fundaram, em 1610, as reduções de Nossa Senhora de Loreto e de San Inácio. Mais 13 reduções surgiram entre os rios Tibaji e Iguaçú, de 1622 a 1629.

Interrompido o tráfico de escravos índios pela ação dos missionários jesuítas, os paulistas uniram-se em sociedade com venda de ações, para capturar indígenas em Guairá. Essas sociedades acionárias, organizadas na câmara de vereadores de São Paulo, receberam o nome de bandeira por causa da sua organização militar. O termo bandeira, hoje companhia, significava uma centena de homens que lutavam em fileiras e colunas, formando um quadrado. Três companhias formavam o terço (batalhão).

O novo governador do Paraguai, D. Luís de Céspedes e Xérias, desembarcou no Rio de Janeiro e casou com D. Ana Correia de Sá, que levou como dote engenhos na Baixada Fluminense. Sem escravos africanos para trabalhar nos engenhos, D. Luís tornou-se sócio da bandeira comandada pelo presidente da Câmara de São Paulo, Antônio Raposo Tavares. ES expedições em bandeira paulistas invadiram as reduções em 1628, contando com o apoio dos colonos espanhóis. As três cidades espanholas foram destruídas pelos paulistas.

Os nativos se revoltaram, instigados pelos xamãs que sempre foram inimigos dos missionários. Os paulistas levaram 18 mil cativos para São Paulo. Os padres Simão Masseta e Justo Mancilla seguiram a expedição em bandeira, recolhendo as crianças que os paulistas deixavam pelo caminho. Quando os sacerdotes entregaram as crianças no próximo acampamento, os paulistas ordenaram a chacina dos inocentes, para não atrasarem a marcha das mães. Das reduções de Guairá a São Paulo ficou em rastro de sangue. Era o juízo final para os índios.

Antes do ataque, o padre Ruiz de Montoya conseguiu reunir doze mil nativos e em mais de 700 balsas ou canoas, navegaram pelo rio Paranapanema e novas reduções de Nossa Senhora do Loreto e San Inácio. Este contingente de guaranis fugitivo viria mais tarde aumentar a demografia da região do Tapê.

Reduções do Tapê

As reduções do Uruguai ou do tape faziam parte do processo de fundação de missões a partir de Assunção em direção ao leste. O padre Roque Gonzáles de Santa Cruz atravessou o rio Paraná e fundou Encarnación de Itapúa em 1615, após ferrenha oposição dos xamãs. No mesmo ano, mais ao norte, fundou Corpus Christi. Finalmente Roque Gonzáles chegou à margem direita do rio Uruguai, estabelecendo a redução de Concepción. Por longos anos, o padre Roque tentou diversas vezes atravessar o rio Uruguai para converter os índios, mas os xamãs não permitiam porque não queriam perder suas posições de chefia e também porque não aceitavam as mudanças culturais impostas pelos missionários.

Uma epidemia grassou entre os guaranis do Tapê e os xamãs não tendo conseguido a cura, permitiram que Roque Gonzáles cruzasse o rio Uruguai, portanto a imagem de Nossa Senhora Conquistadora. O missionário iniciou a redução de São Nicolau junto ao rio Piratini. Na recém criada redução de São Francisco Xavier um xámã reagiu, expulsando o padre. Os índios missioneiros se rebelaram contra o profeta nativo, expulsando-o da comunidade. Em 1628 fundaram Assunção do Ijuí, Candelária e Todos os Santos do Caaró.

O feiticeiro Nheçu rebelou os índios porque os missionários condenavam a poligamia, a feitiçaria e o canibalismo. Nheçu dizia que as epidemias trazidas pelos brancos eram provenientes do batismo. Em 11.11.1628, depois da missa, Roque Gonzáles estava armando o sino num jirau quando foi abatido a golpes de itaiçá (tacape). O padre Afonso Rodrigues, ao sair da capela também foi trucidado. Os rebeldes chegaram à redução de Assunção do Ijuí em 17.11.1628 e martirizaram o padre João Del Castillo. Índios cristãos a Caaró, mas não encontraram os revoltosos. De Concepción, comandados por Neenguiru e pelo irmão jesuíta Antônio Bernal, desbarataram as forças de Nheçu em Pirapó, no rio Ijuí. O português Manoel Cabra Alpoim, com estência junto a Corrientes, acorreu com sete espanhóis e 200 guaranis das reduções franciscanas. Em Candelária realizou-se o combate final, com a destruição das hordas infiéis e enforcamento dos principais chefes.

Expedições em bandeira no Tapê


Em 1634 o padre Cristóbal de Mendoza introduziu o gado no Tapê para criação extensiva com rebanhos comprados de Manoel Cabral Alpoim. Com os boatos de que expedições em bandeira percorriam o Planalto Meridional, o padre Cristóbal de Mendoza partiu com índios armados para descobrir a força paulista. Os índios jês atacaram e martirizaram o padre Mendoza porque ele entrou armado em Íbia, campo de caça, a 25.04.1635.

No fim do ano de 1636, novo flagelo se abateu sobre os missioneiros, quando a bandeira de Antônio Raposo Tavares capturou os índios das reduções de Jesus Maria, São Cristóvão e São Joaquim. Em 1637 o paulista André Fernandes capturou os habitantes das reduções do vale do rio Ijuí. No ano de 1638, Fernão Dias Pais percorreu o vale do rio Ibicuí, aprisionando índios missioneiros. No mesmo ano, os resistiram em Caasapaguaçú, desbaratando a expedição de Pascoal Leite Pais. Os jesuítas retiraram os índios para a outra margem do rio Uruguai e conduziam o gado para sul do rio Jacuí. Em 1641 Manoel Pires desceu com sua expedição o rio Uruguai, mas caiu na armadilha de Mbororê, retornando derrotado e humilhado para São Paulo.

Os paulistas, chamados hoje de bandeirantes, capturavam índios das reduções porque eles eram mão-de-obra especializada, pois conheciam técnicas agrícolas e alguma profissão como carpinteiro, marceneiro, oleiros, tecelões, ferreiros e pedreiros. Com a restauração de Portugal em 1640, o meridiano de Tordesilhas passou a ter validade. Transpô-lo seria invadir o território de outro rei, por isso os chamados bandeirantes encerraram a caça ao índio na região sul. A expulsão dos holandeses de Angola reativou o tráfico negreiro para o Brasil.

Vacaria do Mar

Há várias teorias sobre a introdução do gado no Rio Grande do Sul. Um corrente defende que o gado era originário dos pequenos rebanhos deixados por Hernandárias, em 1611 e em 1617, junto à foz do Rio Negro, afluente do rio Uruguai. Os charruas comeram esse gado, pois quando a Colônia do santíssimo Sacramento foi fundada em 1680, só havia bovinos na Vacaria do Mar.

Outra corrente afirma que Francisco Naper de Alencastro introduziu o gado em 1691, mas antes dessa data já há informações sobre o gado no Rio Grande do Sul.

A terceira corrente é missioneira. Em 1628 há dados sobre gado vacum nas reduções. Em 1633 registra-se em pequeno número nos povoados missioneiros. Em 1634 o padre Cristóbal de Mendoza introduziu o gado vacum em grande escala para as estâncias junto às reduções.

Quando as expedições em bandeira devastaram as reduções, os jesuítas transferiram o gado para o sul do rio Jacuí, livrando-os da pilhagem por paulistas. Nessa região, com boa pastagem e aguada, formou-se a Vacaria do Mar, de onde o gado era retirado para alimentar os índios das reduções da margem direita do rio Uruguai.

Espanhóis e portugueses descobriram a Vacaria do Mar e passaram a abater os animais para tirar o couro e o sebo, bem como levando tropas para São Paulo e para as fazendas de criação nos Campos de Viamão e na região entre o canal de Rio Grande e o arroio Chuí. Em 1739 não havia mais gado na Vacaria do Mar.

Sete Povos

A fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento no rio da Prata provocou a reação do governo espanhol para deter o avanço luso-brasileiro pelo litoral Sul. A colonização espanhola realizava-se por pueblos (povoados), por falta de homens brancos disponíveis o governo espanhol concedeu aos missionários da Companhia de Jesus licença para a fundação de pueblos com índios cristãos que assim tornavam súditos do rei da Espanha. Em 1682, com o início da redução de (São Francisco de Borja, São Luiz Gonzaga, São Lourenço, São Miguel Arcanjo, São Nicolau, São João Batista e Santo Ângelo).

Os Sete Povos organizaram-se à semelhança dos povoados espanhóis, com uma praça central tendo em volta as diferentes edificações.

A praça era um espaço cívico-religioso com uma cruz latina em cada canto, tendo também uma coluna com o orago do povoado.

Aos domingos e dias santificados os índios realizavam procissão, jogos, danças e teatro na praça.

Em um dos lados da praça erguia-se o complexo formado pela igreja, residência doa padres, colégio, oficinas, cemitério, cotiguaçu e horta. A igreja de São Miguel Arcanjo foi construída em pedra grés, em estilo barroco italiano, com três naves, altar-mor e altares laterais com retábulos e imagens de madeira. Não existiam bancos. Os homens ficavam num lado e as mulheres em outro. Alcaides munidos de vara fiscalizavam para que não ouvesse olhares entre homens e mulheres. Durante a missa o coro e meninos cantava, enquanto outros meninos dançavam à maneira medieval, o que agradava aos índios porque era dançando que eles rezavam antigamente. Na saída da missa os adultos recebiam a ração diária de erva-mate. Depois da refeição noturna, a comunidade se reunia na igreja para orar.

No cemitério havia uma pequena capela e túmulos onde os índios eram enterrados a maneira cristã. As mulheres viúvas e solteiras viviam recolhidas no cotiguaçú, numa construção quadrada com vários aposentos em torno de um pátio, ao lado do cemitério. As recolhidas costuravam, teciam e elaboravam rendas.

Do outro lado do templo ficava o colégio ou claustro, com salas de aula, refeitório, cozinha e no andar superior a residência dos padres e irmãos jesuítas. As salas de aulas tinham portas para o pátio interno e para a horta. Meninos selecionados eram alfabetizados, aprendiam música, doutrina religiosa, práticas de agricultura e técnicas artesanais.

O pátio das oficinas abrigava uma série de construções onde trabalhavam os artesãos: tecelões, carpinteiros, escultores e fabricantes de intsrumentos musicais.

Atrás desse complexo ficava a horta e pomar, trabalhados pelos meninos do colégio. O produto da hosta alimentava os estudantes, os padres, as mulheres do cotiguaçú, os doentes do hospital e os artesãos.

Nesta segunda fase das reduções, as habitações dos missioneiros eram semelhantes à primitiva casa indígena que abrigava indivíduos do mesmo clã. Cada bloco estava dividido em vários cômodos, conforme o número de famílias sob a responsabilidade de um cacique, que distribuía os alimentos e as tarefas diárias. Em frente do bloco corria uma calçada coberta por alpendre sustentado por pilares. Nesse local as mulheres teciam e ficavam cuidando das crianças. Cada cômodo tinha janela e porta para o lado da calçada e apenas uma porta no lado oposto, sem calçada e coberto por telheiro, onde as mulheres cozinhavam. No interior das peças havia redes para a mulher, as crianças dormiam em esteiras. No centro do quarto ardia o fogo para espantar os insetos e aquecer o ambiente. Animais domésticos viviam dentro da peça, deixando o chão sujo e mal cheiroso.

No povoado ainda existia o hospital, atendido pelas mulheres do cotiguaçú, um rancho para os viajantes, depósito para produtos agrícolas, cabildo, capelas, moinho e olaria. A dois quilômetros do pueblo de São Miguel Arcanjo ficava o sistema hidráulico com fonte, açude revestido de pedra e canais de irrigação. A água era elevada por um sistema de roda e conduzida por canaletes até o povoado onde jorravam em pias de pedra.

Cada povoado missioneiro possuía seus ervais nativos, onde missioneiros coletavam e preparavam a erva-mate para a comunidade. Nas estâncias praticavam a pecuária extensiva. Cada estância possuía capelas e ranchos de índios em cada passo de riacho para evitar a fuga do gado. Ao longo da trilha da sede da estância do povoado, existiam mangueiras de pedra para abrigar o gado no fim de cada jornada. Junto ao povoado construíam o curral, onde recolhiam os bois de lavrar, os de carreta, as ovelhas, os cavalos e os bois para a alimentação.

As lavouras dividiam-se em abambaé (coisas de homens) e tupambaé (coisas do céu). Nas reduções da Província Jesuítica do Paraguai o lote de cada família do amambaé era distribuído pelos caciques. A produção pertencia à família, mas era guardada no depósito por causa da imprevidência dos guaranis. Diariamente cada cacique distribuía a ração das famílias pelas quais era responsável. A lavoura da terra do comum, costume medieval e constante nas Ordenações do Reino, foi introduzida pelos missionários para socorrer as famílias que perdessem sua colheita ou um povoado que tivesse as plantações destruídas por granizo ou por gafanhotos. Cada índio era obrigado trabalhar por dois dias por semana no tupambaé. Nos dois tipos de lavouras plantavam mandioca, milho, batata-doce, amendoim, feijão, abóbora, algodão e algum trigo para a confecção da hóstia.

Os missionários cuidavam do espiritual e do temporal, auxiliados pelos caciques e cabildantes. O cabildo era a câmara municipal que existia em todos os povoados espanhóis, tendo como objetivos administrar o núcleo urbano e fazer justiça.

Faziam parte do cabildo o corregedor, o tenente de corregedor, os alcaides de primeiro e de segundo voto, o alferes real, quatro regedores, o alguacil maior, o alcaide da irmandade, o procurador, o fiscal e escrivão, todos eleitos anualmente pelos cabildantes cessantes. Eram indicados os funcionários, os mordomos, os contadores e os armazenistas.

Cultura Missioneira

Há uma dificuldade inicial de estabelecer as relações sociais através das narrativas dos missionários jesuítas que se fixaram no processo de evangelização, nem sempre percebendo os hábitos da vida cotidiana nos guaranis, geralmente ocultos aos olhos de um estranho, pois o espaço doméstico estava regulado por rígidos princípios que ocultavam as relações sociais. Os missionários transformaram a redução numa sociedade sacral, em que os rituais religiosos marcavam cada momento da vida cotidiana, em que os valores cristãos se sobrepunham aos valores indígenas num confronto ou combinação que modificaram a vida material e espiritual dos guaranis.

Os clãs indígenas não foram dispersos, mas agrupados nos blocos de habitações com seus caciques. Até a forma do bloco correspondia à casa do clã indígena. Os milicianos guaranis não ficavam em quartéis, mas com suas famílias. A agricultura manteve o trabalho em grupo, sem ser coletiva. Os índios conheciam ervas medicinais, mas como os pajés curavam com magia, os padres admitiam apenas o uso de chás pelos curujás, os portadores de cruz.

O padre cura e padre companheiro (coadjutor) evangelizavam e administravam cada povoado, auxiliados por irmãos (fráter) que ensinavam as profissões.

A adoção do idioma guarani aproximou os sacerdotes dos nativos, mas isolou as reduções dos colonos ibéricos. O uso do chimarrão combateu a embriaguez. Os missioneiros também permitiram o uso do fumo que deixou de fazer parte do ritual indígena. A grande mudança foi o estabelecimento do trabalho metódico e as proibições de poligamia, de troca de mulher por objetos, de canibalismo e de magia. Os jesuítas, como humanistas, trataram os índios como gente e não como escravo, como fazia o encomendeiro espanhol, principal inimigo das reduções.

As reduções jesuíticas dos guaranis floresceram durante o período barroco, que trazia uma nova visão de universo em movimento, graças as obras de Copérnico e de Galileu.

Os primeiros mestres de música foram os padres João Vaisseau, Cláudio Ruyer e o irmão Luís Berger. O padre Antônio Sepp (1655 – 1733) que chegou ao Paraguai em 1691, trouxe inovações musicais, diversos instrumentos e uma pequena harpa, cujo modelo ainda hoje é tocado no Paraguai. O padre Sepp criou uma escola de músicos em Japeju, depois fundou a redução de São João Batista. Era músico, escultor e pintor. Também construía instrumentos musicais. As cartas do padre Sepp a seus familiares foram publicadas com o título “Trabalhos Apostólicos”. O genial músico Domenico Zípoli (1688 – 1726) era organista e compositor em Roma quando ingressou na Companhia de Jesus e se mudou para Córdoba, Argentina. Sua música sacra difundiu-se pelas igrejas de América Espanhola e do Brasil.

Os irmãos Bernardo Rodriguez e Luís Berger decoraram e pintaram tetos, retábulos e quadros de várias igrejas. O irmão José Brasanelli (1659 – 1728) era pintor, escultor e cirurgião. Brasanelli esculpiu as imagens em madeira de São Luís Gonzaga e de São Francisco de Borja. João Batista Prímoli (1673 – 1747) é autor do projeto da igreja da São Miguel e de igrejas dos Jesuítas em Córdoba e Buenos Aires.

O padre Boaventura Suarez elaborou um Lunário, almanaque que permitia acompanhar todas as fases da lua durante um século. O padre Antônio Ruiz de Montoya escreveu o livro Conquista Espiritual, em que relata seus trabalhos apostólicos e o cotidiano nas reduções. O padre Juan de Escandón organizou a história da Transmigração dos Sete Povos, em decorrência do Tratado de Madri. O padre José Cardiel preparou seu compêndio de História do Paraguai, em 1780.

Os índios também escreveram licros religiosos como o cacique Nicolau Yapuguai, Explicación de Catechismo e Sermones y Exemplos, em língua guarani. Cartas, orações e descrições de combates escritas pelos índios perderam-se na poeira dos tempos.

A expulsão dos jesuítas, ordenada em 1767, marcou a decadência das reduções. A administração espanhola e depois a invasão luso-brasileira, em 1801, provocou uma ruptura cultural. O guarani deixou de ser falado na área rural rio-grandense em fins do século XIX.

Os missionários jesuítas usaram a arte como instrumento didático de evangelização.

Fonte: 
Livro História do Rio Grande do Sul
Moacyr Flores

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Estuda, tchê: Sociedades Indígenas

Os indígenas do Rio Grande do Sul, no período anterior à colonização portuguesa, eram ágrafos transmitindo suas tradições e costumes através das lendas, mitos e rituais religiosos, com exceção de uma parcela de guaranis mbyás que viviam nas reduções alfabetizados pelos missionários jesuítas. Os grupos indígenas jês, pampianos e guaranis povoaram o RS antes da ocupação européia.

As expansões povoadoras espanhola e portuguesa articularam-se de maneiras diferentes com o espaço indígena. No oeste do Rio Grande do Sul os missionários ergueram reduções com o objetivo de transformar os índios em cristãos e em súditos do rei da Espanha.

Os bandeirantes, em busca de mão-de-obra para a área de cultivo de cana-de-açúcar no litoral do Brasil, deixaram um rastro de sangue e de contágios de doenças européias entre os nativos jês e guaranis. A leste, os luso-brasileiros desencadearam o processo se povoamento através de sesmarias, transformadas em fazendas de criação de gado. Na zona da Campanha os luso-brasileiros aproveitaram o índio pampiano como soldado, peão e tropeiro. A mestiçagem foi fator dominante para o desaparecimento das culturas indígenas.

Cultura jê

Na região do Planalto Brasileiro Meridional viviam os jês, divididos em parcialidades denominadas guaianás, coroados, pinarés, ibijaras, caáguas, gualachos, botocudos e xocléns.

As parcialidades jês habitavam em aldeias de cinco a seis cabanas, com 20 a 25 famílias, dirigidas por um chefe que praticava feitiçaria. Um feiticeiro temido atuava em diversas aldeias, comunicando-se com os espíritos e curando doenças.

Os jês organizavam-se em dois clãs exogâmicos: o clã da lua, que era de guerreiros, e o clã do sol, formado por caçadores. O clã da lua dividia-se na metade votoro e na metade canheru. O clã do sol era formado pelas metades aniqui e camé. O chefe do clã dava licença para a mulher casar com o rapaz que ela escolheu, segundo as relações de parentesco. O homem podia dispor de sua mulher trocando-a ou emprestando-a por um objeto. Paradoxamente exigia-se fidelidade conjugal, sendo o adultério punido com a morte a flechadas, tanto o homem quanto a mulher.

Quando a mulher estava perto de dar a luz, o homem construía um pequeno rancho, na extremidade da aldeia, onde ela permanecia sozinha até após o parto. Depois do quarto ou quinto filho a mulher era esterilizada por uma beberagem.

A terra pertencia à comunidade, com território de caça marcado. Organizavam a caçada em grupo, tendo o cuidado de matar apenas os machos e de mudar o lugar de caça a cada dois anos. Os jês eliminavam quem entrasse armado em seu território de caça. Por isto reagiram contra os colonos alemães e italianos que matavam animais indiscriminadamente e por esporte.

O casal realizava a coleta de pinhão, transformando-o em farinha. Cada aldeia possuía seu pinheiral, não permitindo que índios de outras aldeias coletassem pinhão. Tal alto gerava guerra de extermínio entre moradores da aldeia que invadiu o pinheiral. A coleta de mel era comunitária, cada homem recebia uma vasilha de outra família. No fim de tarde os homens se reuniam junto a aldeia, entrando todos ao mesmo tempo e entregando o mel à dona do pote.

Praticavam a agricultura rudimentar. O homem preparava o terreno pela coivara e a mulher plantava e colhia. Cultivavam o milho, a mandioca, a abóbora e a batata-doce.

Exímios costeiros, os jês usavam diversas fibras vegetais, inclusive o caraguatá para tecerem túnicas para as mulheres.

Cuidavam da limpeza corporal e enfeitavam-se com penas, penteados complicados e com pintura corporal que identificava o grupo, o clã, a idade e o sexo. Os homens furavam o lábio inferior para colocar o batoque, uma rodela de madeira.

Andavam nus da cabeça aos pés, os homens traziam uma cinta larga em volta dos quadris, formada de cordões das fibras de tucum ou da urtiga brava.

O grupo realizava o controle social punindo o homem faltoso com a expulsão temporária da choça comum ou designando-lhes tarefas femininas. A mulher faltosa era entregue a outro homem como punição. A mulher jê até hoje é mais agressiva que o homem, chegando a bater no marido que não reage.

Acreditavam em Maré, Deus criador e civilizador. Consideravam o sol e a lua como protetores de colheita, de puberdade e da procriação. A alma do morto, chamada de acupli, podia encostar-se em alguém, trazendo-lhes doenças e até loucura. Enterravam o morto em posição fetal num buraco protegido por lajes de pedra ou ramos de árvore, sem contato com a terra, junto com vasilha de água, cães e armas.

Os coroados, fugindo dos brancos e dos seus inimigos botocudos construíam seus ranchos no alto dos morros, no meio de pinheirais. O chefe principal designava os lugares das aldeias que lhe eram subordinadas. Só o chefe principal possuía várias mulheres, dispondo delas para trocas de objetos, mas sempre ficando com os filhos. Se o chefe principal brigasse com outro subordinado, iria perseguir os dissidentes até o extermínio. Só restava ao grupo dissidente viver se escondendo e correndo pelas matas. Os homens vencidos eram mortos, poupando-se apenas as mulheres e crianças.

As epidemias de origem européia e africana e a ação dos bugreiros destruíram os jês. Os bugreiros, matadores profissionais que recebiam pagamento por índios mortos, provocaram o vazio demográfico indígena nas trilhas das tropas de gado. Levas de indígenas, corridos pelos cafeicultores de São Paulo, chegaram ao Rio Grande do Sul no final do Século XIX. Novamente os bugreiros agiram nas áreas de imigração de Maratá, Taquara do Mundo Novo, Colônia São Pedro, Erechim e Erebango na limpeza étnica, a fim de que as terras estivessem desocupadas para o uso de imigrantes europeus. Em 1882 Telêmaco Morocines Borba reuniu os índios de idioma e deu-lhes o nome de caingangues (habitantes do mato).

Colocaram os índios caingangues em reservas, administradas pela FUNAI. Colonos, com a conivência dos índios, passaram a erguer casas e plantarem lavouras de milho, até que em maio de 1978 os caingangues se revoltaram sob a liderança do cacique Xangré e expulsaram os posseiros, num total de 350 famílias, que foram recolocadas no Mato Grosso.

Cultura pampiana

Na zona de campanha predominavam os índios de fala quíchuam divididos nas parcialidades charruas, minuanos, yarós, guenoas e chanás. Formavam famílias extensas que moravam em toldos cobertos de esteiras, substituídas por couro com a chegada do gado europeu. Só em tempos de guerra é que escolhiam temporariamente um chefe. Erigiam os toldos junto a banhados onde havia abundância de aves aquáticas, peixes e crustáceos. Complementavam a alimentação com a caça e com a coleta de frutos e mel. Não se dedicavam ao cultivo plantas. Vagavam de um lugar para outro em busca de caça, levando consigo as mulheres e filhos. As mulheres seguiam a pé, carregando tudo o que pertencia à família. Exímios caçadores usavam lanças, flechas, tacapes, rompe-cabeças, boleadeiras e pedras lanças por fundas. Pescavam com rede e com flechas. Usavam boleadeiras para caçar aves aquáticas, no momento em que elas alçavam o vôo. A introdução do gado europeu modificou a vida doa pampianos que se transformaram em exímios cavaleiros e passaram a se alimentar do gado vacum e cavalar.

Praticavam a poligamia e quando a mulher envelhecia, tomavam uma mais jovem. O homem não se importava se a china (mulher) tivesse relações com outro. Trocavam a mulher por qualquer objeto. Os homens se adornavam com tatuagens, pintura corporal e plumas. Andavam despidos ou enrolavam o corpo com o quillapis, manto com couros costurados com tento. Usavam botas de garrão de potro. Em contato com os espanhóis, vestiam o poncho, o chiripá e cobriam com chapéu de couro de “barriga de burro”. Contratados como peões ou tropeiros, adotaram com indumentária a ceroula com renda de crivo, chiripá, robessor, colete, camisa, e chapéu de copa alta. Em contato com os europeus, as mulheres passaram a vestir uma túnica de algodão.

Conseguiam a erva-mate com os guaranis, bebendo o mati numa cuia e sem bomba, mastigando a erva.

Acreditavam que toda a pessoa tem um espírito guia que se revela quando o índio trespassava os braços com varetas de taquara e jejuava dentro de um buraco. Enterravam seus mortos em túmulos formados por pedras amontoadas no alto das coxilhas, colocando junto ao corpo a lança e as boleadeiras. O luto durava dez dias e as mulheres cortavam uma falange do dedo da mão em sinal de dor pela perda do parente.

Quando os caçadores retornavam ao toldo, deitavam-se para descansar enquanto as mulheres desencilhavam e lavavam os cavalos, buscavam lenha e cozinham a caça.

Missionários jesuítas atravessavam o rio Uruguai tentando catequizar as parcialidades charruas e minuanas, que não aceitaram viver em reduções. Missionários franciscanos, dominicanos e mercedários, oriundos de Buenos Aires, também tentaram reduzir os pampianos. Constituíram a primeira redução de charruas na ilha Vizcaíno, na confluência do rio Negro com o rio Uruguai, em 1626. A redução religiosa durou apenas dois anos. Na mesma época aldearam sem sucesso os chanás na missão de Santo Antônio. A redução de Santa Maria dos Guenoas, que seria mais um dos Sete Povos, também fracassou. A vida de caçador, a falta de organização comunitária mais complexa e de afinidades com a religião católica dificultaram a formação de missões com os pampianos.

Portugueses e espanhóis ocuparam as terras dos pampianos com fortalezas, vilas e estâncias: Colônia do Santíssimo Sacramento em 1680, estâncias dos Sete Povos a partir de 1682, fundação de San felipe de Montevidéu em 1726, São Pedro do Rio Grande, estâncias de espanhóis e de portugueses, diminuindo o espaço dos charruas e minuanos, que passaram a formar os maloneses para pilhagem das estâncias e rapto de mulheres e crianças.

Empurrados pelas frentes de colonização em direção as cabeceiras do rio Negro e para a região entre os rios Quarai e Quequai, os charruas se uniram aos minuanos. Em 1811 e 1820 os charruas e minuanos participaram como soldados das tropas de José Gervásio Artigas. As constantes campanhas dos espanhóis contra as chamadas nações bárbaras, denominadas de guerra dos charruas, destruíram a população indígena da Banda Oriental do Uruguai. Os remanescentes se refugiaram, em 1832, do lado sul-rio-grandense, incorporando-se à tropa de Bento Manuel Ribeiro ou como peões de estâncias.

Os pampianos abrigavam em seus toldos os foragidos, os desertores e contrabandistas de origem portuguesa, espanhola ou africana, não se importavam que suas chinas se unissem com os fugitivos, mesmo temporariamente. Esse costume facilitou a formação do grupo social chamado de gaudério ou gaúcho.

Os pampianos legaram vários vocábulos que ainda são usados na linguagem coloquial do Rio Grande do Sul: cancha, china, chiripá, poncho, guacho, charque, chasque, chiru, guaiaca, guampa, guasca, inhapa, lechiguana, mate, pampa, tambo e vincha.

Cultura Guarani

Os guaranis mbyás, vindos do Paraguai há mais de dois mil anos conquistaram o vale do rio Uruguai, subindo por seus afluentes. Do vale do rio Ibicuí atingiram a depressão do rio Jacuí e seus afluentes. Na época da evangelização os missionários jesuítas chamavam de Chapê, o caminho, a região entre os rios Jaguarí, Uruguai e Ibicuí. Denominavam os índios que aí habitavam de índios do Chapê, como indicativo de índio de um lugar, que passou a ser denominado de Tapes. No século XIX a denominação de topônimo deslocou-se para junto da Laguna dos Patos.

Os guaranis caracterizavam-se pelo nhande-reko, o modo de ser em relação ao espaço geográfico chamado teko-hã, onde se vive. Esse espaço geográfico e cultural era formado pela aldeia (tetami), casas (coty), roças (co), caminhos (chapê), caminho da roça (Chapecó) e mato (caa). Viviam em aldeias com várias casas dispostas em círculo, no centro erguiam a casa dos homens. Cada clã ocupava uma casa de forma alongada, com porta para homens e outra para as mulheres. Dormiam em redes e guardavam objetos num jirau, sentavam em banquinhos ou esteiras, colocavam os grãos ou líquidos em potes de cerâmica ou em porongos.

Os guaranis praticavam agricultura especializada em clareiras abertas com a queima das árvores e arbustos. Esta preparação chamava-se de coivara. Usavam várias clareiras com a roça em estágios diferentes de plantação, maturação e colheita, deixando sempre uma com capoeira para a recuperação do solo.

O homem fazia a coivara e, com um bastão, praticava furos no solo para que a mulher semeasse ou plantasse. Embora trabalhassem em grupo, cada família tinha sua plantação. Cultivavam milho, mandioca, feijão, abóbora, batata-doce, amendoim, fumo e algodão.

Coletavam a erva-mate e frutos de plantas nativas. Pescavam com redes e flechas. A caça era comunitária e o matador do animal repartia a carne entre os demais caçadores. Os mbyás armavam-se de arco, flechas, lança e tacape.

O Page era encarregado de transmitir o teko-yma, o proceder antigo, pois os mbyás executavam todos os atos do cotidiano com o ritualismo que mantinha a ordem cósmica, como a primeira pintura corporal, a poligamia dos chefes, o couvade, a saudação lacrimosa, a educação dos filhos, os sonhos proféticos, o canibalismo e o puxirum ou mutirão.

Os clãs estavam divididos em metades. Os chefes clãs, cós os chefes das metades, participavam do Conselho da aldeia que decidia sobre migração, caçada, guerra e paz. O Page também participava do Conselho. Havia também o morubixava que mantinha a ordem na aldeia, atuando como elemento de conciliação. O taxauá era um chefe provisório de caçada, ataque bélico ou de pescaria.

Os homens de adornavam mais que as mulheres, tatuando e pintando o corpo, usando colares, pulseiras de sementes, contas e plumas. Furavam o lábio inferior para colocar o tembetá. A pintura corporal tinha significados simbólicos, sendo característica de cada clã, metade do clã, sexo, idade e posição dentro do grupo.

Havia a poligamia usualmente dos chefes, que precisavam de mulheres que trabalhassem para darem comida e objetos aos seus subordinados, mantendo assim a chefia. Davam suas mulheres a outros homens em troca de objetos ou em penhor de uma aliança. Esse costume facilitou a mestiçagem com os brancos.

Os guaranis praticavam o couvade ou choco como ritual de proteção ao recém nascido. Quando a mulher dava à luz, o homem não comia carne durante 15 dias, permanecendo de resguardo na rede. A mulher era colocada numa pequena choça, fora da aldeia onde tinha o parto sozinha. Ela cortava o cordão umbilical, lavava a criança e depois levava para o pai, que aguardava na rede. Se ele pegasse a criança, estava reconhecendo-lhe como filho. A mulher ia logo trabalhar na roça a fim de enganar os maus espíritos, que poderiam se apossar da criança. Era também uma maneira de selecionar as mulheres mais resistentes.

Quando chegava um hóspede na aldeia guarani, as mulheres praticavam a saudação lacrimosa. O recém chegado sentava na rede enquanto as mulheres choravam com grande alarido, depois enxugavam as lágrimas e davam boas vindas ao viajante. Só então os homens da aldeia falavam com o hóspede.

O menino até os oito anos permanecia junto da mãe, depois ia para a casa dos homens, quando passava a aprender com o pai a pescar e a caçar. Os homossexuais do grupo davam a iniciação sexual ao menino. A menina permanecia junto à mãe até o matrimônio. Durante a primeira menstruação a menina ficava recolhida e não podia ver animal e homem. As lésbicas davam-lhe a iniciação sexual. Após a primeira menstruação, a moça tinha liberdade sexual, desde que seus parentes fossem indenizados. Não batiam, não gritava e nem castigavam os filhos.

Acreditavam que um banho frio pela manhã prolongava a vida. Ao acordar, o guarani contava seus sonhos, em busca de uma interpretação, pois acreditava que eles eram proféticos. Praticavam o canibalismo, comendo os prisioneiros de guerra por ato de vingança, não escapando os velhos, mulheres e crianças.

O puxirum ou mutirão era o trabalho em grupo para ajudar na construção da roça ou de uma casa. Nesse caso, o beneficiado pagava os participantes com bebida alcoólica.

Algumas parcialidades guaranis recolhiam os ossos de seus mortos, colocando-os em igaçaba, grande pote em que guardavam grãos e que passava a servir de uma funerária. Acreditavam que o anguera, o espírito do morto, podia escolher três caminhos: reencarnar numa criança que nascia, encostar-se em alguém lhe dando loucura ou doença ou seguir para a casa de Monan, onde não faltariam calor, água e caça. Acreditavam que a alma possui três aspectos, o da vida, do sonho e de um animal. Criam que existia um paraíso na terra, o Yvimaray, a terra sem males. O pagé entrava em transe e revelava onde ficava o Yvimaray, levando a aldeia a migrar. Os mbyás consideram a terra imperfeita, ciclicamente destruída pelo fogo ou pela água, surgindo uma nova vida. Quando os europeus chegaram, os índios consideraram como um sinal de que um novo mundo começava, com a destruição do antigo.

Nhanderu, o primeiro e uno vivia na escuridão, iluminando apenas pela luz de seu coração. Um colibri alimentava Nhanderu, que por seu amor criou as palavras-almas. Algumas delas erram e foram lançadas na terra, dando origem aos homens imperfeitos.

A teogogia guarani compunha-se de Monan, o Deus criador e pai de Maíramoran, que os homens queimaram numa fogueira e de sua cabeça saiu o trovão (Tupã), que por vingança queimou com o fogo o céu e a terra imperfeita, salvando-se apenas Irin-majé e sua esposa que povoaram a terra. Em outra visão Irin-majé, filho de Monan, é a chuva que fertiliza a terra. O duplo de Monan é Sumé, o civilizador que ensinou a agricultura. Em outra versão, Sumé é filho de Irin-Majé. De Sumé nasceram os gêmeos Temendonaré, que deu os nomes às coisas que Monan criou, fazendo com que elas passassem a ser, e Aricoute ciumento que mandou o dilúvio. Temendonaré ensinou os homens a sobreviverem na grande enchente, refugiando-se no alto de palmeiras. Outra versão afirma que se salvo um índio e sua irmã grávida, no alto de uma palmeira. Depois do dilúvio nasceu uma menina, que mais tarde se unirá ao tio materno, dando origem à humanidade.

Acreditavam no Curupira, este fantástico com os pés virados para trás, que protegia os animais fêmeas e filhotes. A Caapora (Caipora), pequeno e triste, que trazia a infelicidade para quem o visse. A Uiara (Iara), ente feminino que atraía o índio para o fundo do rio. O Yurupari (Jurupari) era o espírito do mal, o demônio.

Segundo a lenda da Mboytatá (Cobra de fogo), a chuva caía sem parar, dias e dias, aumentando os rios e lagoas, que transbordaram. Os animais procuraram abrigo nos lugares mais altos, mas faltava comida. De tanto animal morto, a Cobra (Mboy) só comia os olhos dos cadáveres. Comeu tanto que seu corpo começou a brilhar como se tivesse milhares de olhos. Transformou-se na Mboitatá, que a noite percorre os campos como um fogo azulado.

Os guaranis históricos desapareceram lentamente no Rio Grande do Sul, pelos ataques dos bandeirantes, pela guerra guaranítica, pela escravidão imposta pelo governo militar espanhol nas reduções depois da expulsão dos jesuítas, pelo recrutamento militar e, principalmente pela mestiçagem das mulheres mbyás com homens brancos.

Em 1756 portugueses e espanhóis invadiram os sete Povos, 1757, os portugueses levaram cerca de dez mil índios que foram assentados nas aldeias de São Nicolau de Rio Pardo, São Nicolau de Cachoeira e, em 1762, na de Nossa Senhora dos Anjos (Gravataí). Com a invasão luso-brasileira nos Sete Povos, 1801, os guaranis se dispersaram pelo Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, trabalhando como peões, tropeiros e artesãos.

Os guaranis, existentes atualmente no Rio Grande do Sul, chegaram em fins do século XIX, corridos pelos cafeicultores e pelas frentes de colonização no Paraná e Santa Catarina. Alguns grupos menores são oriundos do Paraguai.

Na linguagem coloquial do Rio Grande do Sul há vários termos de origem guarani: aguapé, araçá, araponga, aroeira, biboca, biriva, boçoroca, caboclo, capão, capim, capivara, capoeira, Che, cutucar, cipó, cuia, goiaba, gravatá, guaraxaim, guri, jacaré, jaguar, jararaca, jirau, joá, lambari, mabira, marica, micuim, perereca, perau, peteca, piá, pitanga, tapera, taquara, tatu, tiririca e urubu. Outra herança cultura é o uso da erva-mate (caá-iari), na forma de chimarrão (caá-iró). Se examinarmos os mapas do Paraguai, Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, veremos que predominam topônimos guaranis; Taquari, Jacuí, Itacolomi, Itapuã, Paraná, Jaguari.

Fonte: 
Livro História do Rio Grande do Sul
Moacyr Flores

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

3º Seminário Cultural do CTG Prenda Minha

Quem quer começar o ano com muitos eventos levanta a mããão o/
E com certeza não tem jeito melhor de começar esse 2017 que vem aí, do que no meio tradicionalista, não é mesmo?

Então vamos seguindo aqui com a divulgação de um evento que acontece lá pras bandas da 18ª RT... na cidade de Bagé, no dia 05 de janeiro :) Vem conferir!!!


Participe!!!

Palavra de Prenda: Bianca Zabiela Freitas

Bom dia amigos!!!
Vamos chegando por aqui com mais um Palavra de Prenda... e hoje é dia de conhecer Bianca Zabiela Freitas, que vem lá da 12ª RT.


"Saudações Tradicionalistas a todos que, assim como eu, acompanham o Blog Cantinho Gaúcho.
Sou Bianca Zabiela Freitas, tenho 19 anos e atualmente curso o 2º semestre de Licenciatura em Letras com habilitação em Literatura Brasileira no Centro Universitário LaSalle - Campus Canoas. Venho da região metropolitana de Porto Alegre, da cidade de Canoas, da 12ª RT e do Centro de Tradições Gaúchas Alma Crioula.

Iniciei no movimento através do curso de fandango da minha entidade, e após mais ou menos cinco anos frequentando e participando assiduamente das atividades fui convidada para participar do Concurso Interno de Prendas e Peões. Naquele ano consagrei-me 2ª Prenda 2013/14 da Entidade e no mesmo ano passei a integrar o grupo adulto de danças tradicionais. Certamente foi um ano de muitas experiências novas e muitas amizades, mas também, de um lindo sonho ganhando força em meu coração - ser Prenda Regional.

No ano seguinte, fui nomeada 1ª Prenda da Entidade e por motivos da Entidade não pude concorrer na Ciranda Regional, mas sempre participei de todos os eventos que pude e fiz o meu trabalho. Quando chegou o último mês da gestão eu havia decidido que não iria concorrer novamente na Entidade, pois eu queria voar mais alto e ir em busca de meus sonhos, e eu sabia que na minha Entidade isso não seria possível, pois venho de uma base cultural praticamente inexistente dentro do CTG.

Decidida a não concorrer mais, eis que surge alguns anjos em meu caminho fazendo com que eu mudasse de ideia reacendendo meu sonho de ser regional. Eu sabia que seria difícil desde a fase interna da Ciranda, já que conciliar trabalho e pré vestibular não é fácil. Foi complicado, corrido e estressante, mas o resultado foi lindo e gratificante ao ver minha artística gabaritada e assim novamente me tornando 1ª Prenda da casa. Mas ai veio a etapa mais difícil, a Ciranda Regional.
Conciliar trabalho no shopping, faculdade, eventos e estudos seria quase impossível, mas eu consegui. Com ajuda de outras entidades de dentro e fora da 12ª RT, pessoas de outras Entidades que estavam 'concorrendo' comigo e meus pais, eu embarquei em um dos sonhos mais lindos da minha vida... E no dia 24 de junho vi meu sonho ser realizado por completo. E foi mais completo por poder dividir a gestão regional com meu Pai, que ocupa o cargo de 1º Xirú da 12ª RT.

Trabalhar em prol do Movimento Tradicionalista Gaúcho é algo que me faz muito feliz e me tornou mais humana, sou imensamente grata a cada amizade, cada momento, cada pequeno sonho realizado neste meio. ♥

Carol, muito obrigada por me permitir compartilhar um "pouquinho" da minha caminhada e assim, dizer a todas Prendas e Peões que não desistam dos seus sonhos, por mais complicado que pareça ser, não desistam.
Um forte abraço!"

Galeria de fotos:

2013/2014

2014/2015

2015/2016

Ciranda Regional 2016

3ª Prenda da 12ª RT

Bianca, sempre querida, muito obrigada pelo carinho com o nosso Blog, e por estar aqui nos contando um pouquinho da tua história!
Parabéns por toda a tua trajetória, tens um futuro lindo pela frente.

Um grande abraço, e até logo ;)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Estuda, tchê: Ciranda Cultural de Prendas - Histórico e regulamentação

Atual gestão de Prendas do Rio Grande do Sul

Em 1968, aparece a nomenclatura de concurso da "1ª Prenda do Rio Grande do Sul". Em 1969, o Conselho Coordenador decide realizar o evento paralelo ao 14° Congresso Tradicionalista, na cidade de São Francisco de Paula, no mês de janeiro. Já no 15° Congresso, em Santiago, de 8 à 11 de janeiro de 1970, a atividade novamente foi realizada extraoficialmente durante o conclave ocorreu a instituição.

Oficialmente a primeira edição do concurso de 1ª Prenda do Estado aconteceu em janeiro de 1971, na cidade de Quaraí. Concorreram seis candidatas das seguintes regiões tradicionalistas: 2ª, 3ª, 4ª, 6ª, 9ª e 25ª. A vencedora foi a representante do CTG Rodeio dos Palmares, de Santa Vitória do Palmar, Maria Ivanoska Alves Nunes.

A Comissão Avaliadora do primeiro concurso oficial, assim esteve constituída: Hélio Moro Mariante, Moacir Cunha Roesing. Luiz Souza, Nilo Vasconcellos Jaques e Mariza Silva.

No ano de 1985, o concurso desvinculou-se dos Congressos, passando a ser realizado no mês de maio, na cidade da 1ª Prenda. Como a prenda eleita em janeiro de 1984 foi a cachoeirense, Rosângela Antoniazzi de Moraes, em maio de 1985, o concurso ocorreu na cidade de Cachoeira do Sul, somente na categoria Adulta.

No 20° Congresso Tradicionalista, realizado em março de 1975, na cidade de Pelotas, foi aprovada a inclusão da categoria Mirim no concurso do estado, proposta de autoria 1ª Prenda do RS de 1973, Lídia Ceres Silveira, do CTG Rodeio dos Palmares, de Santa Vitória do Palmar. Esta modalidade, no entanto, ocorreu pela primeira vez somente em 1980 e oficialmente a partir de 1982, quando foi eleita Viviane Cardoso Oliveira, do CTG Sinuelo, de Canguçu, no 27° Congresso, de Campo Bom, no mês de janeiro.

Já a categoria Juvenil surgiu extraoficialmente em 1984, e oficialmente, a partir de 1985. Em 1981, passou a ser eleita também a 2ª Prenda na categoria Adulta e, em 1985, igualmente para as categorias Mirim e Juvenil. Apenas em 1986 é instituída a 3ª Prenda para todas as categorias.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Feliz Natal


A todos os nossos leitores, que a muito nos acompanham, 
os desejos mais sinceros de um Feliz e Abençoado Natal!

Que possamos renovar a paz em nossos lares, valorizar o amor em família,
abraçar os que nos são importantes, e viver cada dia da maneira mais feliz.

São os votos do Cantinho Gaúcho pra todos vocês, gaúcho e gaúchas, 
amantes do tradicionalismo.

Um beijo no coração de cada um.

Com carinho,
Carolina Bouvie
Blog Cantinho Gaúcho

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Palavra de Prenda: Roberta Castilhos

A prenda que se apresenta no dia de hoje é Roberta Castilhos, que a muito tempo nos acompanha por aqui. Feliz em contar com a tua participação, Roberta :)


"Já perdi as contas de quantas vezes comecei e não terminei de escrever minha vivência tradicionalista aqui para vocês. Pra começo de conversa, ela não é baseada num 'Conto de Fadas', vulgo Prendas, como o da maioria das gurias que conheço.

Saudações a todos os leitores, me chamo Roberta Castilhos, tenho 20 anos e sou acadêmica no Curso de Engenharia Civil na Universidade de Caxias do Sul. Ao contrário de muitos, ingressei no Movimento praticamente contra a vontade de meus pais... Cresci pedindo para dançar no CTG e ouvindo de meu pai que a filha dele não iria dançar tampouco ir para rodeios. O tempo foi passando... Quando completei 14 anos, em 2010, me convidaram para fazer o Sarau de Prendas no CTG Pousada dos Tropeiros, na Criúva – Distrito de Caxias do Sul. Mesmo contra gosto, fui pra contentar minha família porque o que realmente me interessava nos CTGs era a Invernada Artística, não os Bailes. E quem diria, foi o pontapé inicial nessa etapa de minha vida.

No ano seguinte, 2011, novamente me convidaram para fazer o Sarau de Prendas, só que agora no CTG Porteira da Serra, de São Marcos (minha entidade mãe). E foi aí que entrei de vez no 'mundo dos CTGs', pois foi com esse convite que eu fiz um acordo com meu pai: Só faria o Sarau se ele me deixasse dançar. E não é que deu certo?

Começaram os ensaios e o Sarau passou. Era chegada a hora de enfrentar meu primeiro rodeio e para minha surpresa, ao conversar com meu pai, ele me disse que eu ensaiaria com o grupo, mas não iria para os rodeios me apresentar. Dias e dias de ensaio se passaram, meses de preparação 'em vão', até que um belo dia, chegando em casa depois do Curso de Inglês, me deparo com o Ex-Patrão da minha Entidade conversando com meu pai.

E não, não era para convencê-lo de me deixar a ir para o rodeio, era para convidá-lo para ser PATRÃO da Entidade. No momento até achei engraçado, pois se ele não queria, até uns meses atrás, que eu dançasse lá como ele seria patrão? E tcharam... A surpresa! – PASMEM- Meu pai aceitou o desafio! Minha vida deu um giro de 180°.

Estava eu sonhando? Não. Meu pai se tornou patrão do CTG no final de 2011 para ajudar a reerguer a Casa, para dar ainda mais vida ao meu sonho de dançar em uma invernada. Os rodeios foram chegando e nós éramos sempre os primeiros a chegar lá no acampamento, às vezes eu nem acreditava no que eu via e vivia.

2012: mais uma etapa; a Invernada Cultural se une para resgatar o prendado da entidade... E lá fui eu. Conquistei o título de Primeira Prenda Juvenil do CTG na gestão 2013/2015. Em 2015 outro desafio bate na minha porta: concorrer ao cargo de prenda adulta do CTG...

E lá fomos nós novamente: Primeira Prenda da Entidade na Gestão 2015/2017. 
E em 2016? Ah... Que ano! Participei da Ciranda Regional e me consagrei Primeira Prenda da 25ª RT para a Gestão 2016/2017.

E meu pai? Agora em novembro se reelegeu Patrão do CTG Porteira da Serra novamente, rumo aos 6 na frente dessa Casa Tradicionalista que tanto me orgulha, que tanto representa a minha cidade. 
O que eu quero passar com meu relato? Apenas para não desistirem dos sonhos, por mais impossíveis que pareçam. Temos um destino traçado, e por mais conturbado que seja o trajeto, há uma calmaria esperando por nós.

'Eu quero ser do mundo, abrir porteiras. Conhecer novas paisagens seguir além...'. 
Vida longa ao MTG!"

Álbum de fotos:



Roberta, muito linda e exemplar a tua história!
Parabéns pela tua garra e força de vontade. Certas vezes é preciso ter calma e não desistir dos sonhos...
Tenho certeza que a tua caminhada ainda renderá valiosos frutos.
Muito obrigada pela participação aqui no blog.

Beijos

Palavra de Peão: Kelvyn Eduardo Krug

Bom dia sexta-feira bonita!!!
Véspera de véspera de Natal *-* rsrsrs

Vamos conhecer hoje a história tradicionalista de Kelvyn Eduardo Krug, que diretamente da 7ª RT nos conta um pouquinho da sua trajetória no Movimento.


"Buenas, sou Kelvyn Eduardo Krug, tenho 18 anos, nasci em 05 de fevereiro de 1998 em Ibirubá, sendo filho único. Atualmente moro em Passo Fundo, 7ª Região Tradicionalista e sou discente do 5º semestre do curso de Ciência da Computação na Universidade de Passo Fundo.

Minha mãe tem por profissão a Enfermagem e com o passar dos anos, recebeu convite para vir a trabalhar no Hospital Cristo Redentor na cidade de Marau, onde iniciei minha andança tradicionalista aos 8 anos de idade no CTG Sentinelas do Pago. Nesta entidade, despertei o gosto pela arte da declamação, começando a ensaiar em casa com minha mãe e onde graças a Deus ainda sigo firme, melhorando cada dia mais. Com isso, iniciei nos concursos culturais, até por motivos pessoais, deixar a entidade no ano de 2012. Neste mesmo ano, parti para uma casa nova, amigos novos e até hoje sou grato pela hospitalidade com que me receberam na minha nova entidade, o CTG Felipe Portinho, também da cidade de Marau.

Em meu primeiro ano na entidade já participei do concurso interno e sagrei-me Guri Farroupilha, tudo era novo até então pelo fato de estar ali há pouco tempo. Em seguida, no ano de 2013, participei do Entrevero regional, graças ao esforço juntamente com a parceria de um grande amigo que o tradicionalismo me proporcionou, Lucas Xavier (que mais tarde viria a ser Peão Farroupilha do RS), conquistei o título de Guri Farroupilha da 7ª RT.

No ano de 2014 fui a Giruá, 3ª RT, para o Entrevero Estadual que foi minha primeira participação em um evento desse porte, sai de lá com a cabeça erguida e um 7º lugar representando as provas que realizei. Tendo o sonho de representar a juventude de nosso estado, no mesmo ano tornei-me Peão Farroupilha do CTG Felipe Portinho e no ano de 2015 conquistei o título de Peão Farroupilha da 7ª RT. Ali eu vi que iniciara uma nova fase em minha vida e sabendo do meu potencial, passei a me dedicar para o entrevero estadual de 2016 na cidade de Portão. Começou então a batalha de preparação! Tive pouco tempo, mas me dediquei plenamente. Contei com colaboração de amigos e da minha mãe, que me auxiliaram em toda parte de estudos. A parte campeira devo a meu grande amigo Paulo Lamaison, vulgo Paulo Matogrosso, tudo que sei foi ele que me ensinou e sempre foi minha referência e meu incentivador. Não posso esquecer e deixar de agradecer a grande ajuda que recebi da família Nervo para a parte campeira.

Chegou o grande dia do entrevero e realizei as provas com maestria e dando muito orgulho a minha mãe e minha família tradicionalista. Infelizmente o resultado foi um 4º lugar, mas o reconhecimento que tive do público, amigos e até dos próprios concorrentes, foi muito melhor do que conquistar qualquer cargo, pois como diz um ícone da 7ª RT, Sr. Airto Timm – hoje presidente da ORCAV – 'Não quero ser lembrado pelo que fui e sim pelo que fiz'.

Mesmo com o 4º lugar, não desisti do sonho e voltei neste mesmo ano para o concurso interno e novamente sou Peão Farroupilha do CTG Felipe Portinho e vou em busca desse grande sonho mais uma vez.

Neste ano, estive classificado para a final no ENART, na modalidade Declamação, e pela primeira vez consegui conquistar a tão sonhada vaga para o domingo, onde acabei com o 5º lugar no festival, que me deixou muito feliz.

Para o próximo ano, os projetos são maiores e a responsabilidade só tende a aumentar, pois juntamente com meu grande amigo Eduardo Gusmão, somos candidatos à diretoria do Departamento Jovem Central. Notamos que temos algumas ideias que podemos melhorar o departamento e assim fazer com que a juventude tenha cada vez mais voz dentro do nosso movimento.

A mensagem que deixo: É essencial ter humildade e não perder as raízes! Acreditar em Deus acima de tudo, valorizar a família e amigos e ter uma missão como objetivo maior.
Deixo também um trecho de uma poesia que gosto muito para a reflexão, de um autor que admiro demais e que faz parte da minha entidade, Henrique Fernandes:

'Tenho valores antigos,
guardados dentro de mim...
...meus valores não se invertem,
embora, as pessoas sim...'
Agradeço a oportunidade!
Grande abraço,
Kelvyn Eduardo Krug
Peão Farroupilha do CTG Felipe Portinho"

Álbum de fotos:









Kelvyn, muito obrigada pela tua participação aqui em nosso Cantinho!
É gratificante ver um trabalho sendo reconhecido, e muitos dos nossos jovens têm muito a nos ensinar com suas experiências. Parabéns por toda história que tu carregas, e muito sucesso nas novas empreitadas.

Já deixo de coração um feliz Natal a todos, com muito amor e paz pra todos os leitores aqui do Cantinho Gaúcho e familiares.
Um grande abraço, e até mais :)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Palavra de Prenda: Franciele Soares

Mais uma prenda linda vem aqui pro nosso Cantinho nos contar um pouquinho sobre a sua trajetória no Tradicionalismo *-*
Vamos conhecer agora, Franciele Soares, que vem lá da 16ª RT.


"Boa tarde, sou Franciele Soares, atual Primeira Prenda Juvenil da 16ª RT.

Assim como muitas pessoas, entrei no Movimento organizado através das danças tradicionais, aos quatro anos de idade, No CTG Sepé Tiaraju, São Lourenço do Sul, 16ª RT (CTG o qual frequento até hoje).

Meu primeiro contato com o Departamento Cultural foi no ano de 2009 (aos 7 anos de idade), quando ganhei minha primeira faixa... A de 1ª Prendinha de minha entidade.
Declamei a poesia 'Negrinho do Pastoreio' de Dimas Costa e dancei o Maçanico. De dança de salão, uma vaneira.

Em 2011, conquistei o título de 1ª Prenda Mirim, declamando 'Bruxinha de Pano', também de Dimas Costa e dançando novamente uma vaneira e o maçanico. Mas agora entre minhas provas estava a escrita (que, segundo minha comissão avaliadora foi incrivelmente alta) e a mostra folclórica, a qual fiz sobre fuxico.

Em 2013, ganhei um título por ajudar durante a semana farroupilha, o de Prenda Farroupilha. Para ganhar ele, tive que trabalhar toda a semana ajudando o Peão Caseiro. Foi cansativo, mas me fez ver uma parte do tradicionalismo que eu não conhecia. Neste mesmo ano vi uma prenda do meu CTG ganhar a região, e no ano seguinte vi duas prendas do meu CTG ganhando a Ciranda Regional.
Isso me cativou.

Então no ano 2015 eu concorri a Prenda Juvenil da minha entidade. Descobri um novo talento, o canto. Interpretei 'Semeadura', de Vítor Ramil. Dancei Tatu com volta no meio e uma valsa. Minha mostra foi sobre a arte de pintar ovos e a redação sobre o jovem tradicionalista. E quando chamaram o meu nome eu chorei.

Então eu comecei a me preparar pra região... Eu sabia que poderia perder. E antes da apresentação, eu chorei pensando que não ia conseguir.
Minha mostra foi sobre crendices dos pescadores, dancei uma valsa e o Chote de Carreirinha. Interpretei 'Peão das águas', de Mário Freitas.

Eu tinha certeza que eu não ia conseguir, mas para a minha surpresa, deu tudo certo. Foi o dia mais feliz da minha vida. Não por eu ter ganho, mas porque eu me esforcei e valeu muito a pena. 
Eu sai de lá com uma faixa e com grandes amigos que eu nunca vou esquecer.

Hoje, eu me preparo pra Ciranda Estadual de prendas, no município de Bagé. Nunca mais desacreditei de mim mesma e mesmo tendo várias prendas, acho que todas nós ganhamos algo bem mais importante que uma faixa... A gente ganhou amizade.

A gestão é por um ano, mas essas amizades eu espero levar pra vida inteira.
Obrigado pela atenção."

Galeria de fotos:








Franciele, que alegria saber que tu acompanhas nosso Cantinho e quis contar a tua história pros nossos leitores. Muito obrigada pela participação, e parabéns por esta história que já é tão significativa pro nosso Movimento.
Muito sucesso na tua caminhada, sempre!

Beijos

Palavra de Peão: Christyan Afolter da Rosa Pereira

Bom dia, dia feliz!

O post de ontem, intitulado "Coloque teu filho em um CTG" já alcançou mais de 50 mil visualizações! Só tenho a agradecer, e muito, o carinho de todos!
Rumo a 100 mil??? hehehe
OBRIGADA!

E por aqui vamos apresentar mais um peão com a sua história tradicionalista!
Conhecer tantos jovens está sendo uma delícia... ler tantas vivendas lindas dá ainda mais certeza do quanto é bom viver em Centros de Tradições Gaúchas s2

Vem ler a história de Christyan Afolter da Rosa Pereira.


"Minhas cordiais saudações tradicionalistas a todos os leitores deste blog tão querido por todos nós tradicionalistas. Me chamo Christyan Afolter da Rosa Pereira, tenho 18 anos, estou indo para o 3º Semestre do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, sou de Encruzilhada do Sul, cidade conhecida pelas atividades da vitivinicultura, fruticultura e ovinocultura, e importantíssima culturalmente por ainda possuir as manifestações dos folguedos Ternos de Reis e Bumba-meu-Boi, além disso, foram com as uvas de minha cidade que foi produzido o vinho da Copa do Mundo de 2014, “Faces”, da Lídio Carraro.

Minha cidade teve como primeiros povoadores rio-pardenses, lagunenses, paulistas e açorianos, sendo que estes últimos imprimiram em nossa gente o caráter hospitaleiro, festeiro, alegre e religioso. Participo do Centro de Tradições Gaúchas Sinuelo da Liberdade (onde sou 2º Peão), desta mesma cidade, filiado a 5ª Região Tradicionalista.

Minha caminhada tradicionalista começou desde que nasci, embora fosse frequentar o CTG somente a partir de 2006. Quando nasci, meu avô materno, Alcino Teixeira da Rosa, que considero um dos maiores exemplos de tradicionalista, me deu uma cuia e uma bomba, e alguns meses depois, a camisa do meu Centro de Tradições Gaúchas, que na época, ainda era PTG. Meu avô era sócio assíduo da entidade, participava com frequência e ia na maioria dos eventos promovidos, porém eu ia em alguns bailes e jantares, acompanhado dos meus pais.

Em 2006, minha mãe acreditava que eu deveria realizar alguma atividade além dos estudos escolares, ocupar o tempo vago com um hobbie que me fornecesse aprendizados. Foi assim que em 2006 participei de um Curso de Danças de Salão na outra entidade de minha cidade. O curso ocorreu da metade até o final do ano, e de certa forma, não foi concluído, pois não foi realizada formatura. Em julho de 2007, minha mãe ficou sabendo que estava sendo organizada no “Sinuelo” (como carinhosamente chamamos nossa entidade) uma invernada mirim. O resultado é que eu, mesmo contra vontade, fui levado até lá, e acabei gostando e participando da invernada. Em setembro, durante a Semana Farroupilha, realizamos nossa primeira apresentação. A invernada prosseguiu com as atividades, e em novembro de 2007, fomos conhecer o FEGAES (Festival Gaúcho Estadual Estudantil, realizado anualmente em Cachoeira do Sul), pois na impossibilidade de dançar pela inexperiência que tínhamos, fomos assistir a invernada juvenil e observar como era um concurso de invernadas artísticas.

Segui dançando, e em julho de 2008, após o Concurso Regional, foi anunciado que haveria o Concurso de Prendas e Peões da entidade. Eu não tenho muitas lembranças dessa época, lembro só das prendas e peões e do Departamento Cultural incentivando a todos para participar do concurso, e de muitas “junções” na minha casa para treinar a declamação, montar o Relatório de Atividades e Vivência Tradicionalista (sim, neste concurso precisávamos promover ao menos uma atividade, participar de quatro eventos e anexar a nossa vivência).

Nesta época concorri na categoria Piá (pois essa categoria existe há muito tempo em minha região). Nas minhas pesquisas sobre cultura gaúcha na internet, lembro-me de ver o retrato e a entrevista de uma pessoa que admiro muito, e tenho grande carinho, Janine Appel – 1ª Prenda do RS 2007/2008, que sonhei em encontrar e abraçar desde 2008, realizando esse sonho no ENART deste ano (com direito a selfie). No concurso interno, eu estava indo para participar, não tinha intenção de ganhar. No dia do concurso, fiquei nervoso, esqueci o final do texto da minha prova oral (História do CTG Sinuelo), e duas estrofes da poesia. Lembro de sair da artística chorando muito. No hora do resultado, recordo de estar perto da copa, em pé, roendo as unhas de tanto nervosismo, sozinho, na espera da categoria. Tive grande surpresa ao ver meu nome anunciado como 1º Piá do CTG Sinuelo da Liberdade 2008/2009. A partir daí comecei a trabalhar muito para o concurso regional... estudei muito, promovi mais eventos, treinei a declamação, aprendi as provas campeiras (pois no interno havia sido Mostra Folclórica sobre Brinquedos, e na região seria Campeira).

Nesta gestão, realizamos uma edição do Resgate dos Ternos de Reis, promovido pelo meu CTG desde 2000, onde saímos entoando cantigas descritas por Paixão Côrtes e trajando a pilcha gaúcha.
No concurso regional de 2009, consegui a “façanha” de gabaritar a Prova Escrita e fazê-la em 3 minutos (passando para a grade em 4 minutos, e totalizando sete minutos, para a surpresa de todos), mas ainda assim esqueci a poesia e o final do texto da prova oral, o que me deixou muito chateado, pois costumo cobrar muito de mim, em tudo o que faço. Trago desse concurso a amizade de uma das avaliadoras, a querida repórter da Folha do Mate, Beatriz Colombelli, da 24ª RT, a qual tenho um carinho enorme.

Conquistei o 1º lugar neste concurso, e acredito que foi o resultado de uma preparação muito intensa (estudei as férias escolares inteiras, refiz provas de concursos, fiz resumos e muitas leituras, montei três cadernos de material, os quais ainda tenho; e até junho, não mais estudei, somente revisei poucas coisas na semana do concurso). Neste ano, minha participação foi bem “rala”, me dediquei muito ao colégio, mas participei de compromissos mais próximos e auxiliei alguns participantes do CTG na preparação para o concurso regional. Um momento inesquecível desta gestão foi a participação no Acendimento da Chama Crioula na Fazenda do Sobrado, em São Lourenço do Sul. Em 2010, me afastei do CTG, com o motivo de “descansar”, o que até hoje me deixa triste.

Em 2013, meu avô materno, “Cici” como toda a cidade o chamava, foi assassinado em um assalto, ele era taxista, e tenho de certa forma orgulho de ser o último da nossa família a ter contato (o que me dá também um certo remorso por este contato ser bem de forma diária, dizer um “tchau, até logo”, sem um abraço e por ele estar com pressa para realizar uma corrida). Meu avô era uma pessoa simples e humilde, quase sem estudos, de um coração puro e bondoso, querido por todos, um tradicionalista de ideais, de bons costumes e de vivência farta. Um mês e meio depois, entrei na Invernada Juvenil do meu CTG disposto a continuar aquele hábito do qual ele tanto gostava de assistir, e tinha tanto orgulho de dizer aos amigos que eu era o neto dançador dele, levando o seu exemplo e seus valores onde quer que eu fosse, sempre defendendo o justo e o correto.

Em junho daquele ano, fui assistir o Entrevero Cultural de Peões na cidade de Pântano Grande, onde conheci uma pessoa muito especial que estava avaliando este concurso: Márcia Couto Walty, uma pessoa a qual tenho grande carinho, e com quem conversei poucos minutos, porque a ocasião não dava tempo e nem oportunidade, mas que me deu um impulso para voltar a concorrer. Dois meses depois, concorri a Guri na minha entidade, embora não tivesse idade para prosseguir, porém minha vontade de possuir um crachá em cada uma das três categorias falava mais alto. Dediquei aquele ano a participar de alguns eventos, me atualizar, auxiliar a gestão e me preparar para o concurso do próximo ano. Participei do Tchêncontro em Espumoso (onde apresentamos a Stern Polka), da Mostra do ENART sobre Literatura Regional (com a pesquisa da vida e obra de Marina de Quadros Rezende, ilustre professora de Rio Pardo, mais precisamente com a Lenda da Nossa Senhora da Boa Morte) e do Congresso Tradicionalista em Porto Alegre (realizando um sonho: o de conhecer, mesmo fora de época, o Parque da Harmonia).

Em 2014, concorri a Peão na entidade e ganhei mais uma amiga, minha “mãe adotiva” (como a chamo carinhosamente) e eterna avaliadora Ana Betina Jahn... uma pessoa maravilhosa, que me inspira a me dedicar e a dar o melhor de mim, cujos conselhos expressos nas planilhas me fizeram melhorar em muitos quesitos do concurso... inclusive, num evento em que palestrei a convidei para me auxiliar na palestra sobre Preparação e Lado Psicológico dos Concursos, juntamente com o Gilvânio, seu marido (outra pessoa incrível, gente fina, assim como ela, ambos sempre dispostos a ajudar pelo tradicionalismo), e a Ângela, amiga deles, uma grande pessoa, de uma simpatia contagiante, também conhecedora destas lidas.

Em 2015, o Concurso Regional... posso afirmar que foi o concurso em que fiquei mais tranquilo até então, embora tivesse mais três concorrentes. Consegui ir bem e superar algumas dificuldades, e assim fui Peão Farroupilha da 5ª Região Tradicionalista 2015/2016. Nesta época, eu estava no terceiro ano do Ensino Médio, tinha ENEM e vestibular pela frente, estava com problemas financeiros (meu pai, que é proprietário de uma fábrica de ferraduras, com a situação do Mormo, teve uma queda brusca nas vendas), e sempre havia dito que meu objetivo era o de representar a entidade no Regional, que a minha participação no Estadual dependeria da situação a qual me encontrasse após o concurso... assim sendo, fui obrigado a adiar meu sonho. Deu o acaso que no dia do Entrevero Estadual, eu estava em saída de campo da faculdade na cidade de São Francisco de Paula, o que me garantiu que não era para ser naquele momento a minha ida ao estadual, confirmando tudo o que aconteceu.

Em 2016, mais uma vez concorri na entidade, com o intuito de tirar 2º lugar e auxiliar a gestão no que fosse necessário, e trabalhar pela entidade... e atualmente, tenho planejado a realização de alguns eventos. Minha participação no ENART deste ano me trouxe presentes valiosíssimos: conheci pessoalmente pessoas que admirava de longe (como Ana Paula Labres, Márcia Gusi e Carla Thoen, exemplos de dedicação e conhecimento na causa tradicionalista, além de realizar o sonho de conhecer a Janine, que marcou e muito por ser uma tradicionalista incrível e admirável, defensora do certo e do justo, e por ter ideais tão parecidos com os meus) e aqueles reencontros regados a fotos e abraços, como no caso da “tia” Vera Otton, pessoa incrível, que tenho um afeto e admiração enormes.

Antes de encerrar este relato, vou comentar uma parte da minha história que comento com todas as prendas e peões mais novos no Movimento, que muitas vezes gera situações um pouquinho desagradáveis, mas que defendo sempre, onde quer que eu ande: 'Sou do tempo em que as Prendas e Peões trabalhavam por um ideal comum... o sonho não era algo particular, sonhado sozinho. Todos sonhavam. Todos embarcavam, todos cooperavam, não importando a colocação, para que aquele colega atingisse seu objetivo. Sou de uma época em que os eventos não eram como tantos montados a partir de uma foto única no banner (como ocorre muito pelo Rio Grande a fora). Fazíamos eventos de qualidade; buscávamos dar o melhor de nós. Os eventos poderiam ter somente três pessoas assistindo, mas eles eram feitos com a mesma qualidade que estariam se estivessem lotados. Havia união, havia disciplina, haviam obrigações. Se necessário abrir mão de jantar nos eventos promovidos pela entidade, ser o último a jantar por recolher fichas na fila do buffet, ou engraxar a pilcha andando com uma bacia a tira-colo entre as mesas recolhendo os pratos e talheres das mesas após o jantar e antes do baile, das prendas e peões entrarem na pista para abrir o baile e ‘chamarem’ o povo para dançar, ou dos peões tirarem as senhoras desacompanhadas que estivessem com vontade de dançar... enfim, sou da época da fila de prendas e peões parada na porta da entidade cumprimentando a todos que chegavam, dando as boas vindas. Época de simpatia, de elegância e de trabalho duro'.

Agradeço a oportunidade de compartilhar minha história, e sou grato a todos que me ajudaram a chegar até aqui, principalmente a Deus e a meus pais, Cláudia e Marco Edilso, que estão sempre comigo, em todos os momentos. Cito também pessoas como Joana Paula Koller e Franciele Fabis (1ª Prenda Adulta e 1ª Prenda Juvenil do CTG Sinuelo da Liberdade 2007/2008, respectivamente, que foram algumas das responsáveis por hoje eu me encontrar inserido no mundo dos concursos de peões), Maria Cristina da Rosa (minha prima querida, “parenta” como a chamo, por ser a maior incentivadora além das gurias para o meu primeiro concurso, exemplo de sabedoria e dedicação a minha entidade, e Diretora Cultural da 5ª RT 2014-2015), Karen Kollet (minha cultural de 2008, avaliadora de 2013 e conselheira/ ajudante de 2015), Liane Cardoso (amiga de sempre, tradicionalista de fato), Luiz Clóvis Vieira (Coordenador da 5ª RT desde 2009, uma pessoa gigante, e que antes de ser Coordenador, acima de tudo é amigo e parceiro das prendas e peões), Carmem Carvalho (Diretora Cultural da Região 2008-2013), Yone Abero (minha eterna Patroa do CTG Sinuelo, quantas saudades tuas), Neri Ferreira Lopes e Cleomar Lourenço (patrões do CTG Sinuelo da Liberdade que viram e acompanharam minhas últimas gestões). Antes da despedida, aproveito este espaço para homenagear e elevar meu pensamento para abraçar os grandes tradicionalistas do meu CTG que já partiram, e que servem de exemplo até hoje para mim, além de fazerem uma falta tamanha: Alcino Teixeira da Rosa (meu avô Cici), Dinorah Soares Duarte, Mário Bezerra Duarte, Alcione Cid, Manoel Marques, Rosane Castilho de Freitas...

Desculpem se esqueci de alguém fundamental (neste caso, peço perdão e lhe denoto gratidão) porém não quero abusar muito deste espaço... Aproveito para me colocar a disposição a toda prenda e peão que necessite de auxílio, ajuda ou simplesmente queira trocar ideias (não tenho uma carreira tradicionalista vasta, tampouco conheço todas as coisas, mas estou sempre pronto para ajudar e trocar ideias, além de adorar uma boa prosa; contem comigo, não precisa ter vergonha, só chamar).
Forte abraço a todos.

Álbum de fotos:

Com Janine Appel no ENART 2016 - Foto de Rogério Bastos

Desfile Farroupilha 2016

Acendimento da Chama Crioula 2009

Apresentação no Concurso Regional 2009

Simpósio de Metodologia Tradicionalista - da Administração
às Práticas Culturais e Campeiras / Com Fraga Cirne

Seminário Regional de Prendas e Peões /
Palestra com a Sra. Odila Savaris

FECARS 2015 - Santa Cruz do Sul

Muito obrigada Christyan pela tua participação em nosso Cantinho!
Parabéns por toda a tua dedicação com o nosso Movimento... ele precisa ter sempre pessoas como você!

Um abraço a todos, e ótimo restinho de semana :)