terça-feira, 2 de outubro de 2018

Cantinho Gaúcho entrevista: Cármen Lúcia Müller Avila

Bom dia, bom diia!!!

Hoje é dia de mais uma entrevista super especial aqui no blog! 

Cármen Lúcia Müller Avila, Graduada em Letras Português/Espanhol pela Unisinos, Dançarina e Instrutora do CTG Aldeia dos Anjos, vem nos contar um pouquinho sobre a sua trajetória enquanto tradicionalista!

Das histórias que inspiram... vem aí uma grandiosa delas!!! ♥


1. Olá Cármen! Fico muito lisonjeada em contar com a tua participação aqui no Blog. Pra iniciar, queremos saber um pouco sobre a tua história... como se deu o início da tua trajetória no tradicionalismo?
Iniciei no tradicionalismo aos nove anos de idade por intermédio de meus pais que me levaram para um centro de tradições gaúchas. Na época, ingressei no CTG Chaleira Preta, em Gravataí onde anos mais tarde meu pai tornou-se patrão desta entidade. Lá dancei nas invernadas mirim e juvenil, fui primeira prenda e participava de concursos individuais. No ano de 1989, migrei para o CTG Aldeia dos Anjos e fiz parte da invernada juvenil, fui primeira prenda e conquistei o título de 1ª Prenda Juvenil da 1ª Região Tradicionalista. Após terminado este período de prendado, ingressei na categoria adulta, no ano de 1991 e desde então, me dediquei exclusivamente a invernada. Meu primeiro FEGART foi em 1991, em Farroupilha da qual fui vice-campeã na categoria de Danças Tradicionais. Sempre gostei muito de participar do grupo das decisões e estar engajada nas questões relacionadas à dança. Por isso, em 1994 assumi ao lado de meu esposo Marco Avila a instrução do grupo adulto do qual participo desde então. Cabe salientar que desde a fundação da nossa entidade, no ano de 1956, até os dias de hoje o grupo adulto teve em toda sua trajetória apenas 4 posteiros/instrutores. E por esta história, tenho muito zelo e orgulho de estar no comando há 25 anos. Desde meu primeiro FEGART até hoje conquistei neste período 10 títulos e 6 vice-campeonatos neste maior festival amador da América Latina. Por muitos anos também, participei como instrutora nas categorias de base, do qual venci no ano de 2010 o Juvenart, título inédito nesta categoria para esta entidade.

Juvenart 2010

Posteiros do CTG Aldeia dos Anjos na entrega do troféu do ENART 2015.
Falta um na foto... Paulo Gnoatto que estava apresentando a cerimônia.

ENART 2015

2. Durante todos estes anos envolvida com as Danças Tradicionais, passaste por inúmeras entidades e conquistaste, ao lado de teu marido, um número muito expressivo de troféus. Entre tantos momentos especiais, tem algum que queiras destacar pra gente?
Dentre tantas conquistas ressalto o meu primeiro título no FEGART, em 1992 do qual tenho lindas recordações inexplicáveis, talvez por ser tão nova naquele momento, tão cheia de expectativas que graças a Deus deram muito certo. Outra sensação maravilhosa foi ter conquistado o Juvenart, em 2010. Há muito que a entidade trabalhava para alcançar este objetivo e com um trabalho de muita dedicação e doação dos integrantes e coordenação pudemos conquistar. E, com um valor imensurável a conquista do Enart 2015. Vínhamos de um jejum de títulos e aquele ano ficou gravado em minha memória como um ano de muita superação. Ressalto apenas essas três, porém fui agraciada com muitas alegrias e conquistas neste meio. Tive muitas dificuldades em alguns anos, porém nada disso foi motivo para que houvesse um desânimo frente às barreiras, todas elas serviram para engrandecer os momentos de reconhecimentos.

3. O mundo passa por um momento muito forte de empoderamento feminino, quando o que mais pregamos é a igualdade e o respeito. Hoje temos inúmeras coreógrafas, instrutoras, patroas, coordenadoras, entre tantos outros cargos importantes a frente do movimento, e isso merece destaque. Como tu vês o crescimento das mulheres dentro do tradicionalismo gaúcho?
Eu vejo como algo positivo e que faz parte da evolução. Ao longo dos tempos, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaços em diversos âmbitos da sociedade, e não poderia ser diferente no tradicionalismo. Nós mulheres temos capacidade de gerenciar qualquer cargo com comprometimento e maestria. Ver mulheres à frente de altos cargos em nosso movimento é motivo de orgulho. Espero que cada vez mais tenhamos oportunidades e voz nesse movimento tradicional e conservador. No que diz respeito ao trabalho com os grupos de danças, acredito que tenhamos qualidades inerentes e que fazem a diferença. Temos um cuidado maior com os detalhes, temos paciência, somos firmes na tomada de decisões, somos companheiras e por que não dizer, parceiras pra pôr em prática as ideias mais inusitadas nas construções. Enfim... encerro dizendo que somos demais! (risos)

ENART 2009/2015

4. Conforme já citamos, a tua trajetória como dançarina e instrutora é recheada de grandiosas conquistas, e assim sendo, te tornaste referência no ramo. Existe receita para o sucesso? E após tantos anos de dedicação, ainda tens algum sonho a ser realizado?
Para tudo em minha vida tenho como meta para atingir o sucesso a dedicação. Quando se trabalha com ânimo, entusiasmo e motivação é difícil dar errado. Penso que quem trabalha no ramo da competição está sujeito a muitas variáveis, tais como o momento de cada grupo, a avaliação, enfim.... tudo que envolve esse processo. Você tem que trabalhar para ser o melhor, pois muitas vezes não é o maior que vence o menor, e sim o mais preparado. Querer ser o melhor e não pensar de quem quer vencer. Outro item importante para o sucesso é ter entusiasmo para seguir e levar com você muitas pessoas. É motivar com palavras para que as atitudes sejam positivas, zelar pela boa convivência em grupo e estar atento aos sinais para que tudo contribua com o objetivo principal. É ter disciplina, pois quem não a tem não merece o sucesso.
Tenho um sonho bem simples. Ter sempre a oportunidade de compartilhar minhas experiências com os que precisam. Colaborar com o crescimento daqueles que sonham, que almejam adquirir conhecimentos. Como educadora, acredito que essa seja a missão, a de ensinar, conduzir e preparar.


5. O Movimento Tradicionalista Gaúcho acabou de completar 50 anos de história... Então pergunto: tu acreditas que o futuro do Tradicionalismo está em boas mãos? Como tu vês a participação dos jovens no Movimento?
Eu posso dizer que acredito em algumas lideranças no movimento. Digo algumas porque não compactuo com as ideias de alguns, o que não considero um problema, visto que somos livres para opinar, concordar ou não desde que haja respeito. Nosso movimento está repleto de jovens e isso nos faz acreditar que a preocupação com o zelo pelas nossas tradições está muito presente. O jovem está em muitos segmentos: nas competições individuais sejam artísticas ou campeiras, nos grupos de danças, nos prendados, na gestão do MTG e em muitos outros pontos. No futuro, serão estes que estarão à frente do movimento, seja ocupando cargos eletivos ou somente participando do movimento de uma forma geral.

6. Para encerrarmos agradeço muito a tua participação aqui no blog, e quando digo que és referência, é porque és referência inclusive pra mim! Tenho certeza que és merecedora de todo este sucesso!
Quero agradecer a tua lembrança em me fazer este riquíssimo convite para esta entrevista. Espero que tenha contribuído com teu trabalho e sempre me coloco à disposição para qualquer colaboração.
Muito obrigada pelos elogios ao longo das perguntas!!! Fico feliz com o reconhecimento.
Super beijo!

Quanta alegria compartilhar aqui mais uma destas histórias tão cheias de exemplo, humanidade e amor! É disso que o Movimento tanto precisa... ♥

Uma ótima semana pra todos...
e fiquem ligadinhos que logo tem muito mais por aqui!!!

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