terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estuda, tchê: Folguedos Populares

Folguedo Popular - fato folclórico dramático, coletivo e com estruturação (dramático não só no sentido de ser uma representação teatral, mas também por apresentar um elemento espetacular) - por Rossin(1963/77).

CAVALHADAS

Intrudizidas no Brasil pelos portugueses, lembram os combates medievais entre mouros (grupo vermelho) e cristãos (grupo azul), numa alusão a época em que os cavalheiros prestavam juramento de lutar pelos princípios cristãos e pela igreja.
A mais antiga notícia se dá em 1583 (Pernambuco).
Verificada no RS, a Cavalhada apresenta os seguintes figurantes: espias (palahaços); corredores (12 cristãos e 12 mouros); mantenedores ou guias; contra-guias; embaixadores; rainha ou princesa (Floripes ou Floripa); pagens; porta-bandeira.
Todos acontecimentos desenrolam-se em meio a evoluções eqüestres como: carreira em forma de oito; "Cruz de Malta" (carreira em forma de trevo de quatro folhas); "Quebra-garupa" (carrreira em forma de círculo); "Cruzeta" (em forma de cruz).
Realiza-se em campo aberto, em meio a um castelo e uma igreja, obedecendo várias fases. Na primeira os cavalheiros desfilam mostrando ao público seus trajes.
Após o desfile. Os "espias" entram em campo. Procuram aproximar-se ao máximo do castelo. Numa dessas investidas, um dos espias é "morto" pelo guia mouro. Inicía-se o primeiro combate.
Os dois grupos se desfrontam, o embaixador cristão tenta conseguir a paz e convencer os mouros ao batismo. É preso e conduzido ao castelo.
Aproveitando o momento em que todos se voltam a luta, a princesa Floripa entra no castelo, liberta-o e com ele passsa para o lado cristão.
O espetáculo desenrola-se na parte da manhã, com duração de 3h.
Em Gravataí, há incendio no castelo. Alegrete ele é derrubado. Santo Ântonio da Patrulha acontece a tomada do castelo.
Não existe uma data para a realização.
À tarde, iniciam-se os jogos equestres, destacando-se as derrubadas das cabeças ou boneco ou argolinha.
Em algumas cavalhadas, ocorre o "alcancilho de flores" (evoluções com a participação de todos os componentes).
Há localidades em que o espetáculo encerra-se com baile, onde se trocam argolinhas por mimos durante o torneio.
Santo Ântonio da Patrulha e Gravataí mantém as Cavalhadas em vigência.

BUMBA MEU BOI

A mais antiga informação deste folguedo é feito pelo Padre Miguel do Sacramento Lopes Gama no jornal "O Carapuceiro" de Pernambuco em 1840.
Aconteceu no RS, durante o ciclo Natalino e Carnaval.
Em Encruzilhada do Sul sai as ruas no "Enterro do Ossos".
As principais figuras são: boi e boiadeiro, cavalo e o cavaleiro, o "doutor" que traz seus "instrumentos": martelo, talhadeira, alicate, etc...
Um grupo abre o cortejo fazendo bastante barulho, um "puxador" leva a bandeira.
Não há música própria, tocam músicas regionais (vaneira, xote, valsa)...
Quando param, o boi deita, fica doente e o médico o trata com seus instrumentos "cirúrgicos". Depois, embrabece. Levanta, atropela a platéia, e é laçado pelo cavaleiro.
Usam roupa de gaúcho: botas e bombachas.
Tem -se notícia do "Boizinho" em Dom Pedro de Alcântara, município de Torres.

TERNO DE REIS

Introduzido pelos portugueses, grupo de pessoas anuncia o nascimento do Menino Jesus (24/12 a 6/01). Saem a noite até o amanhecer.
Desenvolve-se em diversas fases: a Chegada, quando entoam à frente da casa, ainda com a janela e luzes apagadas. (Entre os descendentes italianos um Putinga acredita-se que dá maior felicidade cantarem duas estrofes fora de casa).
A cantoria só é interrompida quando o anfitrião oferece comes e bebes. Recomeça o canto. Pode "ocorrer o chapéu" para o "pedido de reses".
O terno se despede após cantar o Agradecimento e as Despedidas.
A indumentária é a roupa domingueira. Geralmente três pessoas do grupo, dois de branco e um de preto, vestidos com mantos simbolizam os Reis Magos.
Se a porta não é aberta para recebê-los, eles cantam, o "Barba de Farelo".
É tradicional ao se encontrarem mais de um terno na estrada, um dá a voz de prisão ao outro em versos. O que está "preso" não pode cantar mais aquela noite ou fica obrigado a cantar com o vencedor sob o comando de outro mestre. Algumas vezes esse fato, provoca briga.
Temos o "Terno Anaí" em Encruzilhada do Sul, onde trambém existe o costume de crianças saírem às ruas, durante o dia, a "pedir Reis", tinam o rosto de carvão, vestem-se sacos, usam panos na cabeça.
Nas zonas de colonização italiana costume cantarem às vespéras do Ano Novo.
Nas comunidades polonesas, conjuntos de amadores chamados "Kolendicy", ou Jograis de Natal, visitam as casas, com a Estrela de Belém.

TERNO DE ATIRADORES

Ocorrem na região alemã durante o Ciclo Natalino e Ano Novo. Compõe-se de 15 a 20 homens tendo o Mestre e o Contramenstre, dois ou três palhaços (travestidos) ou espantalhos. Alguns grupos levam um negro.
São acompanhadas por gaita e violão.
O "Spruch" é o figurante que faz a saudação aos donos da casa, dando-lhes feliz Ano Novo. À entrada os atiradores descarrregam suas armas com tiros de festim. (Taquara, Ivoti, Sapairanga, Rolante, Dois Irmãos , Campo Bom, Igrejinha).

HOMENS DE CARA TISNADA

Grupo de cantadores que pintam o rosto de preto. Fazem-se acompanhar de gaita e cantam de surpresa à porta das casas (São Sebastião do Caí, Rio Branco, Harmoia, Paradiso, Bela Vista, Bom Princípio).

TERNO DOS SANTOS

No município de Mostardas, grupos visitam as casas durante o ciclo junino, as vésperas do dia do santo, cantam à noite, ao redor da fogueira e junto ao mastro, onde se penduram laranjas e bergamotas. Existe dois mestres ou guias que puxam os versos (1ª voz), dois contramestres ou contraguias (2ª voz), dois adjudantes de contramestre (3ª voz).
Usam gaita, violão, violino, tambor e pandeiro.
São conhecidos no município ternos a São João, Santo Antônio e Sant'Ana.

FOLIA DO DIVINO

O nome folia advém de Portugal. Um grupo de pessoas sai as ruas pedindo donativos para a Festa do Divino Espírito Santo. Só em Criúva (distrito de Caxias do Sul) mantém essa Folia. Também é chamada de Louvação.
Na "visitação" saía uma comitiva a cavalo com o Alferes da Bandeira, o Tamboreiro, acompanhado de cantadores, três meses antes da festa do Divino. Após a cantoria a Bandeira era entregue ao dono da casa, que com sua esposa introduziam a bandeira de peça em peça.
Atualmente tem a presença do padre e liturgia católica.
Durante o dia, fazia-se a jornada, e à noite a Bandeira não circulava, hospedando os integrantes em fazendas e moradias.
Para a "louvação" sai uma comitiva de seis pessoas masi o padre.
Percorrem mais de 800 casas, as casas que desejam ser honradas, devem marcar com o padre.
Antes, diziam "esmolar" o que hoje chamam de "peditório".
Quem trouxe a cantoria de Portugal para o local foi a família Pereira Froes há mais de cem anos.

CONGADA

Acontece na cidade de Osório, no mês de outubro.
Dando início, há o levantamento do mastro pelo grupo "maçambiques", estes compõem-se de "vara dos dançantes" (bailarinos) e "tripulação", constituída do alferes-da-bandeira, dois capitães-de-espada, capitão ou guia dos dançantes e três tamboreiros com vestimenta específica, boné, claça, camiseta e casacos brancos (dragonas vermelhas e franjas amarelas) e calçados.
A vara dos dançantes compõem-se de azuis e vermelhos. Dançam descalços, destacando-se o "guia" que usa uma banda de seda vermelha. Utilizam dois tambores, cada dançante traz, preso abaixo do joelho, um par de maçaquaias e guizos.
No dia da festa é obrigação buscar os "reis" nas suas casas. Após, no salão homenageiam o rei Congo e a rainha Jinga. Dali, vão a igreja em paqueno préstito, tendo à frente as bandeiras, festeiros, os reis (acompanhados por pajem, carregando guarda-sóis), os capitães-de-espada, tamboreiros, guiac e os dançantes.
No templo, os reis são coroados pelo sacerdote depois de abençoar as coroas.
Ouve-se dos bailarinos:

"Tá c'roado, bem c'roado
Nosso grande imperadô
Tá com a c'roa na cabeças
C'roa de Nosso Sinhô"

Retornando ao salão, realizam a Dança do Lenço, tem procissão de Nossa Senhora do Rosário. Ao entardecer, descem o mastro, elevado em louvor à Padroeira.

ENSAIO DE PROMESSA DE QUICUMBI

Acontece no município de Mostardas e é ligado a Nossa Senhora do Rosário, onde os homens negros se reúnem para pagar promessa.
A data é determinada pelos responsáveis.
Na época aprazada, o grupo ao anoitecer vai a casa do "dono da Promessa", portando uma caixinha das espórtulas. Findo o ritual é recolhido pelo "guia" e a doação vai para a igreja de Mostardas.
A irmandade dirige-se, cantando em fila ao encontro do pagador de promessa.
No interior da casa ou galpão, frente a um altar iniciam-se as danças e cantorias. Dançam "sambinha" ou "marchinha". Dançam a dança do lenço até o alvorecer, quando acaba o ensaio.
Roupa branca, enfeitada com fitas e gorro. No ensasio de promessa de Quicumbi, verificam-se os componentes católicos: cortejo processional, capelão, terço, rezado, fiéis, vela, altar e santos.

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