segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Show Sertanejo em Rodeio Crioulo: Onde começa o "erro"?

Na semana passada muito se discutiu sobre os shows sertanejos que acontecerão no 17º Rodeio de Porto Alegre... muito se justificou, muito se defendeu, muito se criticou, mas pouco se perguntou o porquê de um rodeio tão grandioso estar procurando outras alternativas na tentativa de conquistar maior público.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho, na palavra do Presidente, Sr. Nairo Callegaro, justifica dizendo que "...este evento não é realizado pelo MTG e nem por qualquer entidade filiada, e portanto a instituição não tem gerência sobre ele. Por outro lado, o MTG não mede esforços para preservar a música gaúcha de raiz, em sua essência."

Cleber Vieira, Presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre, responsável por comandar o Rodeio, diz que "... os motivos nem vamos entrar em detalhes, mas o financeiro é um deles!" deixando claro que ao orçar diversos grupos gauchescos já poderiam imaginar que daria prejuízo, citando que "...o retorno já soubemos, é bem inferior às despesas."


Ao conversar na noite de ontem com o amigo, grande músico, Lê Vargas do Grupo Tchê Guri, surgiu o questionamento: por que os jovens não estão participando tão assiduamente de show nativistas, mas pagam e lotam shows sertanejos?

Há tempos muito se fala sobre o crescimento dos jovens no Movimento, sobre dar voz e vez a eles, que são o presente e o futuro do Tradicionalismo Gaúcho. Muito se fala também sobre a competição excessiva que vem sendo "promovida" dentro das entidades tradicionalistas... mas em poucas palavras é possível se perguntar: até que ponto a cultura gaúcha vem em primeiro lugar?

Sempre acreditei que o departamento cultural é o coração de uma entidade, pois são as pessoas que o compõem, as que claramente são mais ativas no quesito pesquisar, aprender e difundir a nossa cultura, levando-se em conta passado x presente x futuro... porém hoje temos um número muito expressivo de jovens participantes no departamento artístico, que é tão importante quanto, mas neste quesito, novamente me pergunto: quantos deles dançam por amor a nossa cultura e conhecem a nossa história, e quantos deles dançam apenas por amor a dança em si, aos troféus... e ao ENART?

Sim, são muitas peguntas e poucas respostas.

Vejo muito nitidamente o desfalque destes nos próprios eventos das entidades... fandangos onde encontram-se 10% dos dançarinos das invernadas, almoços e bailes na Semana Farroupilha onde incrivelmente a participação é pouquíssima (e falo levando em conta também muitas prendas e peões de faixa e crachá, pessoal da campeira, dos esportes...). E não, os grupos gauchescos não precisam se reinventar! Quem precisa aprender a dar valor ao que é nosso, somos nós.

Tudo bem gostar de funk, de sertanejo, de MPB... tudo bem também frequentar eventos neste estilo, desde que a cultura gaúcha não seja enfraquecida e esquecida por aqueles que se dizem "tradicionalistas". 

Onde começa o "erro"?
Também não sei... mas quem sabe podemos descobri-lo juntos.

Só sei que por ora, é mais do que necessário refletirmos todos por um Movimento com mais engajamento, mais união, mais interatividade... e principalmente, mais amor pela tradição, e menos por títulos e egos...

Na íntegra:

Nenhum comentário:

Postar um comentário