Assim, vê-se desde logo que o Nativismo não é um culto, como a Tradição, mas um dos valores deste culto. Nativismo é o amor que a pessoa tem pelo chão onde nasceu, onde é nato. E esse amor, claro, existe em todos os lugares, não é patrimônio exclusivo do gaúcho. Os gaúchos, aliás, tem em seu vocabulário duas palavras muito bonitas ligadas ao Nativismo: pago e querência. Pago é onde se nasceu. Querência é onde se vive. As vezes se confundem, porque é muito comum as pessoas nascerem e viverem no mesmo lugar. As vezes, não.
O gaúcho é tão nativista que chega a ser bairrista e o bairrismo deve ser percebido como a caricatura do nativismo. Existem rivalidades bairristas entre cidades gaúchas, alimentadas pela juventude, sobretudo no carnaval e no esporte: Alegrete X Uruguaiana, Alegrete X Quaraí, Estrela X Lajeado, Caxias do Sul X Bento Gonçalves, São Leopoldo X Novo Hamburgo, Rio Grande X Pelotas, etc. E apelidos, da mesma origem: os alegretenses são chamados “café-com-leite” e, por sua vez, chamam os uruguaianenses de “farinheiros” e os quaraienses de “barbicachos”. Os moradores de Tupanciretã são chamados de “repolhos”e, por sua vez, chamam os habitantes de Julio de Castilhos de “fincão” e os da Capela dos Quevedos de “papudos”. Os moradores da cidade de Rio Grande são os “papa-areias” ou “bicuíras”. Os de Santa Vitória do Palmar são os “mergulhões”. E assim vai.
Talvez não haja povo mais nativista que o gaúcho. Por isso, existe uma tendência para se chamar de nativista a arte que nasce da terra: teríamos assim a poesia nativista, a música nativista, a canção nativista. O melhor, porém, quando se fala em arte é dizer, simplesmente, “regionalista gauchesca”.
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