Hoje quem vem contar a sua história no tradicionalismo gaúcho aqui no Cantinho é Marcio Lima Santos, um tradicionalista ávido por novas experiências e por conhecer cada vez mais a nossa cultura, inclusive, a vivenciando em diversos Estados do nosso país. E é incrível como ela está tão presente.. e é tão querida em lugares tão distantes aqui do nosso pago Rio Grandense. Espero que gostem, porque eu adorei!!! Vale muito a pena a leitura :)
"Chamo-me Márcio Lima Santos, ultimo filho de sete irmãos, natural de Tapes, na
beira da Lagoa dos Patos. Hoje estou com 43 anos de idade, acredito que 30 anos fazendo
tradicionalismo, pois desde os 13 anos comecei a participar de desfiles de Semana
Farroupilha junto a família e primos onde morava, na época no interior de Tapes,
local chamado Fazenda da Ronda. Era a festa do ano, esperava o ano todo até chegar
setembro para viver a Semana Farroupilha. Íamos para a cidade, a cavalo 9 km, para
participar do desfile pelo Piquete da Ronda, Piquete este, formado por familiares
e alguns amigos. Mas sempre tinha uma vontade de conhecer mais sobre a tradição
gaúcha, apenas desfilar seria pouco, então fui participando dos eventos do
CTG Província de São Pedro, minha entidade mãe, e já no ano de 1994 fui convidado
a participar do Concurso de Peão Farroupilha. Me preparei muito rápido para o
concurso e conquistei o 2º lugar, porém cada vez mais tinha a vontade de estudar,
descobrir nossa história. Já em 1996 resolvi concorrer novamente, onde conquistei o
1ª lugar, indo concorrer na região no ano de 1997, consagrando-me Peão Regional da 16ªRT.
Nestes anos participei muito de Concursos de Peão nos Rodeios Artísticos
pelo Estado onde coleciono alguns crachás com muito carinho.
Quadro onde guardo meus crachás conquistados em rodeios culturais pelo Estado
Desfile Temático em Tapes - Festejos Farroupilhas 2012
Figurante de Antônio de Souza Neto com Taís Gerhardt
Na época não fui concorrer no Estado por falta de verba (risos). Mas acredito muito em
momentos, e ao longo dos anos minha vivencia tradicionalista começou a crescer,
passei por muitas patronagens, cargos regionais, departamento jovem regional,
neste tempo conheci minha amiga e companheira de palcos e vivência Ana Paula Vieira
Labres, e no ano de 2004/2005 participamos do Concurso Interno da entidade,
vencemos e vencemos juntos o regional e indo participar do Entrevero Estadual, eu na cidade de São Borja e Ana Paula em Porto Alegre consagrando-se a 3ª Prenda do Rio Grande do Sul naquele ano.
Com Ana Paula Vieira Labres, avaliando concursos por todo o Estado
Eu não venci o concurso, mas até os dias atuais estou trabalhando pelo movimento,
por isso sempre falo aos mais jovens nas minhas palestras: Crachás e cargos passam,
e muitas vezes não são lembrados... Mas aquele que trabalha e se empenha em
ajudar, terá oportunidades em compartilhar conhecimentos. Ao longo dos anos sempre
participei de eventos do movimento, colaborando e ajudando prendas e peões de
diversas regiões, pois sempre fui muito tranquilo em ajudar, quem me conhece sabe.
Avaliação de Declamação em Nova Mutum - Mato Grosso
com Jurema Chaves e Neiva Maria Tessele
Não gosto de gente que guarda o 'saber'... guardar pra quem? O Tempo passou e em
2010 fui convidado pelo Sr. Manoelito Carlos Savaris a entrar no Comitê de Indumentária
do MTG, que eram pessoas que estudavam nossa indumentária. Começamos os
grupos de estudos, e no ano de 2012/2013 fui convidado a assumir como Diretor de
Indumentária do Grupo de Pesquisas e Difusão Cultural, na época em que os grupos
enviavam pesquisas históricas de suas vestes para usar no ENART. Foram dois anos de
muito estudo e cansaço (risos), pois eu fazia um atendimento diferenciado....
atendia os grupos para orientação até em rodoviárias, posto de gasolina,
beira de estradas, shopping e outros demais.
Avaliadores do Concurso de Prendas da CBTG 2015 - Sapezal/MT
Já no ano de 2014 fui convidado a assumir como Diretor de Indumentária da CBTG -CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DA TRADIÇÃO GAÚCHA - Que atende vários Estados,
como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Bahia, Acre, Goiás, Distrito Federal, Rondônia entre outros. O trabalho que realizo junto a
CBTG é um pouco diferenciado aqui do sul, lá é permitido muitas coisas na indumentária
que não são permitidas aqui, temos na CBTG algumas bibliografias em livros que nos
permitem usar trajes históricos mediante pesquisas como Celso Hyarup,Edson Acre,
Fernando Assunção, Paixão Cortês, e nosso Manual da Pilcha Gaúcha.
Entendo que é mais difícil nesses estados eles encontrarem o material para confeccionar
estas pilchas, pois a maioria das pilchas são feitas aqui no Estado, mas os CTG´s de lá
tem algumas coisas diferentes, o povo é mais educado na maioria das vezes (risos),
bem mais atenciosos e com vontade em aprender o certo.
Não 'se acham' tanto como aqui no sul, como eu costumo ver em certos grupos e pessoas.
E Trabalho também com orientações e pesquisas a longa distancia através de e-mail e celular,
e tudo dá certo, mesmo às vezes sendo difícil a comunicação.
Avaliador de indumentária em Luís Eduardo Magalhães - Bahia,
onde no evento teve Costelão
Eu já avaliei eventos no Mato Grosso e Bahia, em que todas as prendas eram indígenas,
dançando o nosso pézinho e maçanico lindas com nosso vestido de prenda
e peões bem pilchados. Mas para isso acontecer preciso passar as orientações corretas
sobre as indumentárias. Tive o prazer no ano passado de avaliar o Concurso de Prendas e
Peões da CBTG na cidade de Sapezal, em Mato Grosso, e são tantos os eventos os
quais participo que minha agenda já esta fechada até final do ano.
Avaliando o Prendado da CBTG com Marioni Fischer de Mello
Tento conciliar os eventos do MTG - RS e os eventos da CBTG, amigos e principalmente
meu trabalho que eu amo, pois trabalho como Diretor de Cultura no Museu e
Biblioteca Pública de Tapes, além de voluntário de ONGs de proteção animal e demais
trabalhos sociais. Trabalhar com cultura é estar aprimorando os conhecimentos e estar
preparado para ajudar crianças e jovens, pois meu objetivo no movimento é
COMPARTILHAR e realizo muitos projetos em escolas de minha cidade....
mas essa prosa fica para outra oportunidade.
Avaliador e voluntário dos projetos culturais da Escola Ciep Tapes
Palestrando sobre chimarrão com amigo Vinícius Hoff na Escola Ciep Tapes
A Tradição Gaúcha lá fora, em outros estados, é muito rica e valorizada, as pessoas
respeitam e querem aprender nossa história, valorizam demais. Cada vez que vou
lá me recarrego de energias para voltar, e muitas vezes aqui nos nossos eventos vejo
tantas pessoas que não leram nenhum livro sobre nossa história, mas acham que
sabem de tudo. Nem eu sei...mas procuro estar sempre lendo e estar ativo dentro do
movimento, pois eu vivo a cultura deste nosso movimento rico de amizades
e conhecimentos, e minha missão é sempre compartilhar.
Ao longo dos anos já avaliei muitas pessoas, palestrei, ouvi palestras, estive do
outro lado da mesa como concorrente, e isso me fez ser um avaliador que
gosto de avaliar com a alma e a simplicidade. Pois nossa tradição é
simplicidade, ela nasceu basicamente no campo no rural, por isso valorizo
tanto esta simplicidade no vestir uma indumentária simples, por exemplo.
Vejo hoje em dia tecidos caros, brilhos, exageros, e muitos acham que pilcha vence concursos!
Em minha opinião, a simplicidade sim tem que ser valorizada.
Avaliando campeira Entrevero Regional 2016
Agradeço em minhas orações, por ter a oportunidade de fazer tradicionalismo
e estar entre pessoas tão especiais que conheci ao longo de minha vivência tradicionalista,
entre elas você, Carolina, por ser uma prenda exemplo que faz sua parte por este
movimento que precisa de todos nós sempre! Para finalizar deixo uma mensagem que
gosto muito e uso nas minhas palestras pelo Brasil de bombachas:
'SE VOCÊ FALAR COM UM HOMEM NUMA LINGUAGEM QUE ELE COMPREENDE,
ISTO ENTRA NA CABEÇA DELE. SE VOCÊ FALAR COM ELE EM
SUA PRÓPRIA LINGUAGEM, VOCÊ ATINGE SEU CORAÇÃO.'
Um forte quebra costelas, e agradeço a atenção e espaço.
Saudações Tradicionalistas
Márcio Lima Santos"
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