quarta-feira, 28 de março de 2018

Estuda, tchê: Guerra da Cisplatina


A Guerra da Cisplatina foi um conflito que ocorreu de 1825 a 1828, envolvendo Brasil, Argentina e a Província da Cisplatina (atual Uruguai). 

A INVASÃO DA BANDA ORIENTAL 
Desde a época da Colônia de Sacramento, a região à margem direita do Rio da Prata, a chamada Banda Oriental (atual Uruguai) atraía a atenção de Portugal, e com a chegada de D. João VI em 1808, o interesse se intensificou. Em 1810, a Banda Oriental possuía um governo instável. Montevidéu era fiel à Espanha, enquanto o interior era controlado pelo caudilho Genásio Artigas. Beneficiando-se disso, o Brasil invade Montevidéu em 1811 e só se retira em 1812, apesar de as batalhas continuarem. Em 1815, Artigas toma Montevidéu e D. João VI ordena a invasão da Banda Oriental. As tropas brasileiras vencem Artigas em 1820 e, em 1821, a Banda Oriental é anexada ao Brasil como Província Cisplatina e é nomeado como presidente da província José Feliciano Fernandes Pinheiro (Visconde de São Leopoldo). 

A REVOLTA 
No ano de 1825, um novo movimento surge em prol da libertação da província, pois os moradores da Cisplatina se recusavam a fazer parte do Brasil, alegando diferenças sócio-culturais profundas. A Argentina, interessada no território, ajuda o movimento, ofertando ajuda política, bélica, entre outros. O Brasil, revoltado, declara guerra. 

O conflito eclodiu com a Cruzada Libertadora, liderada por Antonio Lavalleja, ex-lugar-tenenete de Artigas, que estava exilado em Buenos Aires. Em abril, à frente de um grupo de patriotas chamados Los Treinta y Tres Orientales, ele penetra no território cisplatino trazendo nas bandeiras o lema artiguista: Liberdad o Muerte. O general Jose Frutuoso Rivera deveria barrar o desembarque dos revolucionários, mas acaba aderindo ao movimento e o levando para pequenos estancieiros e caudilhos menores. Lavalleja desembarcou com suas forças na praia da Agraciada e, com o apoio da população, declarou independência da região e a incorporação da Província Oriental às Províncias Unidas do Rio da Prata. 

Em resposta, em 10 de dezembro, o governo imperial brasileiro declarou guerra às Províncias Unidas, que retribuíram a declaração em 1º de janeiro de 1826. A guerra foi marcada por diversos encontros de pequena monta e por escaramuças de grupos armados de ambos os lados. Estes encontros em nada contribuíram para a solução do impasse político e militar. 

Somente as batalhas de Sarandi e Passo do Rosário se constituíram em encontros militares de maior vulto. Em ambas, o exército imperial foi derrotado. Contudo, graças à falta de recursos humanos e logísticos, também por parte das Províncias Unidas da Banda Oriental, para explorarem estas vitórias, elas foram de pouco proveito. 

A guerra prosseguiu, por terra e mar, com vantagem para as forças imperiais, que derrotaram os cisplatinos na Batalha do Monte Santiago (1827). 

Após essas vitórias dos orientais, dado o impasse em terra, o bloqueio naval brasileiro, os altos custos para os beligerantes da continuação da guerra, a pressão britânica para que um acordo fosse firmado, além da precariedade militar e política dos países em conflito, a paz começou a ser negociada, com a mediação da França e da Grã-bretanha. 

Desse modo, o Império do Brasil e a República das Províncias Unidas do Rio da Prata, pela Convenção Preliminar de Paz, assinada no Rio de Janeiro em 27 de agosto de 1828, renunciaram às suas conquistas e reconheceram como Estado independente a Província Oriental, que passou a se chamar República Oriental do Uruguai. 

A perda da Província Cisplatina foi um motivo adicional para o crescimento da insatisfação popular com o governo de D. Pedro I. Na realidade, a guerra foi impopular desde seu início, pois para muitos brasileiros representava o aumento de impostos para o financiamento de mais um conflito. 

BATALHA DO SARANDI 
Ocorreu no dia 12 de outubro de 1825, defrontando-se na mesma as principais forças dos dois exércitos: 2 mil e 400 cavalarianos comandados por Lavalleja e Rivera contra 3 mil, comandados por Bento Gonçalves e Bento Manuel Ribeiro. A vitória dos orientais é consagradora. O governo de Buenos Aires sai da neutralidade e se alinha com os rebeldes da Banda Oriental. 

BATALHA DO PASSO DO ROSÁRIO
Foi o encontro decisivo que ocorreu no dia 20 de fevereiro de 1827, no Passo do Rosário, território gaúcho. Foi importante não apenas pela maior concentração de tropas já vista na América do Sul como também por suas consequências políticas. 

O exército Oriental era comandado por Carlos Maria de Alvear, o Imperial era comandado pelo Marquês de Barbacena. 

O Exército Imperial começa o combate na manhã do dia 20, avançando a infantaria com o apoio de cavalaria sobre o I Corpo de Tropas Republicanas, sob comando de Lavalleja. A batalha dura 5 horas. A infantaria brasileira é desarvorada pela cavalaria inimiga a tal ponto que o general José de Abreu é morto por tiros de seus próprios soldados. Nessa batalha, iniciaram-se as negociações de paz. 

Entre as munições abandonadas pelos Imperiais encontrava-se um cofre com uma partitura entregue pelo Imperador ao Marques de Barbacena para ser interpretada após a batalha. Então, em comemoração da batalha, o exército argentino apoderou-se dela e batizou-a de Marcha de Ituzaingo, usada atualmente em atos oficiais na Argentina. 

BENEFÍCIOS PARA A PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL 
O Rio Grande do Sul prosperou durante o período da Província Cisplatina, pois os fazendeiros enviavam o gado cisplatino para as charqueadas gaúchas. Com a independência, o gado uruguaio parou de ir ao RS e suas charqueadas se reorganizaram, o que foi um dos motivos da Revolução Farroupilha. 

PRINCIPAIS LÍDERES E FIGURAS DE DESTACADA IMPORTÂNCIA 
Pedro I: Brasil. 
Rodrigo Pinto Guedes: Brasil. 
Marquês de Barbacena: Brasil. 
Carlos Frederico Lecor: Brasil. 
Juan Antonio Lavalleja: Províncias Unidas do Rio da Prata. 
Bernardino Rivadavia: Províncias Unidas do Rio da Prata. 
Carlos Maria de Alvear: Províncias Unidas do Rio da Prata.

Um comentário:

  1. Muito esclarecedor, muito se fala na guerra do Paraguai que ocorreu 40 anos depois, mas pouco sabemos sobre este capítulo da nossa história. Parabéns e Obrigado.

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