A boleadeira foi elemento definitivo na personalidade exterior do gaúcho e instrumento que justificou e valorizou sua atividade econômica no século XVIII e, a de soldado no século XIX.
Ela é uma herança cultural que as tribos sul americanas da região do Cone Sul legaram ao gaúcho, esse europeu barbarizado que enfrentando uma paisagem nova, hostil em muitos aspectos, embruteceu-se, ao tempo em que, também, se adaptou a ela.
As boleadeiras foram convertidas em primeira arma de guerra pelos grupos indígenas que se fizeram cavaleiros e, logo recebidas pelo novo elemento rural mestiço ou crioulo como herança cultural de primeira ordem, somente comparável em importância etnográfica e econômica á erva-mate.
Os indígenas usavam dois tipos de boleadeiras quando chegaram os europeus: a bola perdida e a boleadeira de duas bolas. O habitante das planícies e coxilhas agregou à bola perdida uma outra, no extremo livre de corda, deixando assim, transformada sua arma boleadeiras de duas bolas.
Recebendo dos índios, o gaúcho aperfeiçoou-a com uma bola a mais que lhe serve de manicla, a mais pequena, e lhe deu o nome carinhoso de “três marias”. Com elas adquiriu uma assombrosa habilidade, sendo arma infalível manejada de a cavalo.
A boleadeira sempre foi uma arma de primeira ordem nas cavalarias gaúchas. Na guerra do Paraguai, os quatro exércitos envolvidos usaram-na, indiscriminadamente.
A boleadeira é composta de bolas metálicas ou pedras arredondadas, amarradas entre si por cordas, tendo em cada uma das extremidades uma das bolas. Lançadas girando sobre si, elas vão ao encontro do alvo, geralmente as pernas de um animal quadrúpede, que leva um tombo na hora, ficando imobilizado.
Usada normalmente na captura de gado na campanha, as boleadeiras também foram mais tarde utilizadas na guerra. Os índios usavam dois tipos bem diferentes de boleadeiras, de uma e duas bolas. A chamada ”bola perdida” com apenas uma bola, do tamanho aproximado de um punho fechado, usada com arma sendo lançada para atingir a cabeça do inimigo.
A boleadeira de duas bola, ou nhanduzeira (avestruzeira) é utilizada para caça, especialmente do nhandu ou ema enredando-se nas patas do animal quando lançada. Também usada pelos índios nas Guerras, para enredar as patas dos cavalos montados pelos conquistadores, causando a queda dos dois e possibilitando o ataque e morte do cavaleiro.
Material cedido por: Márcio Lima Santos / Avaliador do MTG e CBTG.
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