Hoje, em total clima de Ciranda, é que trago aqui pro nosso Cantinho a trajetória tradicionalista dela que se despede do seu encargo de 3ª Prenda Juvenil do Rio Grande do Sul daqui a dois dias, Daiana Dal Ros.
Com a certeza de que fizeste desta gestão, junto a teus colegas Estaduais, um rico acervo de lindas experiências e amizades por todos os cantos do Rio Grande, é que divulgo aqui, com carinho, a tua história:
"Saudações aos leitores do blog “Cantinho Gaúcho”!
Sou Daiana Dal Ros, tenho 17 anos e curso o 1º semestre de Jornalismo pela
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.
Sou natural de Ijuí, e represento o CTG Clube Farroupilha e a 9ª Região Tradicionalista,
na atual condição de 3ª Prenda Juvenil do Rio Grande do Sul.
Escrever para este meio de divulgação e valorização de atividades
tradicionalistas, para mim, é uma honra e uma de minhas maiores
realizações enquanto prenda estadual.
Sempre fui fascinada pelas manifestações culturais gauchescas,
observando com atenção as apresentações de danças, sonhando em parte destas,
e também realizando as minhas, entoando canções tradicionais ao teclado e
voz, através das quais surgiu o convite para integrar uma Entidade.
Mal sabia eu que poderia cultivar o legado herdado de meus antepassados
através de muitas outras formas, e mais, representar, através da utilização
de uma faixa, o conjunto das atividades realizadas por uma prenda.
Em outubro do ano de 2007, ingressei na Invernada Mirim do CTG Tropeiros de
Rio Branco, Entidade esta situada no município no qual eu residia,
Catuípe, pertencente à 3ª RT. No maio seguinte, eu me tornava 1ª Prenda Mirim desta casa.
Iniciou-se aí, mais do que tudo, uma descoberta; passei a entender a dimensão do
tradicionalismo e querer vivê-lo em sua plenitude. Tive a felicidade de quebrar o
jejum de dez anos de participação de minha Entidade em um concurso
ao me inscrever para a fase regional da 40ª Ciranda Cultural de Prendas.
Não obtive uma das três faixas, mas o sonho de ser uma prenda estadual
começou a crescer e tomar forma. Digo sim, estadual, pois foi neste momento
que meus olhos se abriram para a magnitude de todo este processo,
e decidi que eu tentaria até conseguir alcançar esta meta.
1ª Prenda Mirim do CTG Tropeiros de Catuípe
1ª Prenda Mirim do CTG Tropeiros de Catuípe
No ano de 2010, vim a residir no município de Ijuí, e passei a frequentar o
CTG Clube Farroupilha, ainda com o intento de ser Prenda Mirim do Estado.
Nesta Entidade, por coincidência, há tempos também não eram realizados concursos.
Foi então que houve a iniciativa de se retomar a prática, e eu, prontamente me
inscrevi, mesmo sendo, como das outras vezes, a mais nova das concorrentes,
porém, com minha idade ultrapassada para mirim. Em outubro do mesmo ano,
vim a ser a 1ª Prenda Juvenil da Entidade, e, no ano seguinte, conquistei, na cidade
de Panambi, o encargo de 1ª Prenda Juvenil da 9ª RT, a qual tive a honra e o prazer
de representar na 42ª Ciranda Cultural de Prendas, em sua fase estadual.
Ao longo deste caminhar, aprendi o real sentido de coletividade, construindo
intensos laços de amizade com meus colegas de gestão, que sonharam comigo
naquele maio de 2012, e fazendo amigos provenientes de vários lugares,
mas todos com um mesmo ideal. Fiquei encantada com esta rede de
amizades e auxílio mútuo, e mais, com a vontade de trabalhar e a garra que vi nos
tradicionalistas que conheci, fossem eles jovens ou veteranos.
Por acreditar que tudo acontece na hora e no momento certos, segui sonhando
e trabalhando para realizar o que vinha idealizando, me inspirando e observando
cada detalhe da trajetória de prendas e peões que admirava.
1ª Prenda Juvenil da 9ª RT, gestão 2011/2012
1ª Prenda Juvenil da 9ª RT, gestão 2011/2012
Foi então que a preparação se intensificou ainda mais. Meus pais esforçaram-se para
adquirir todos os 32 livros indicados pela Bibliografia, os quais li, reli e resumi
por diversas vezes; estive informada sobre os assuntos de relevância para o
Movimento Tradicionalista Gaúcho e para o nosso contexto social, visando obter bons
conteúdos para explanação em minha redação e prova oral. Tanto ao nível interno
quanto ao regional, tentei realizar da melhor forma possível meus projetos e
visitas nas escolas e instituições locais, além dos trabalhos em conjunto com minha
Região, como o Tchêncontro e a Mostra Folclórica do ENART, na qual obtivemos,
novamente, o 2º Lugar, como em minha gestão anterior, e participar do maior
número dos eventos daquele ano, bem como valorizar as pessoas da minha
comunidade através da pesquisa folclórica, em uma troca de experiências constante.
Decidi imprimir, em minha apresentação artística, a emoção que me traz o fato de ser
mulher gaúcha e de lutar pelo que acredito. Nesta jornada de abdicação,
mas de muitas alegrias, pude entender e vivenciar o que é, de fato, aproveitar
a caminhada que uma Ciranda nos proporciona; como costuma dizer um dos meus
exemplos, Laura Callegaro, de nada adiantaria chegar ao título estadual se não
fosse uma boa prenda regional. Eu não sabia se a forma como estava empenhando
meus esforços bastaria, mas sabia que estava fazendo o meu melhor para realizar uma
boa representação, levar o tradicionalismo ao máximo de pessoas que eu pudesse
e tentar alcançar o objetivo de ser uma prenda estadual. Esta é a receita para atingirmos
qualquer meta: fazer as coisas com amor e seguirmos, incessantemente, os objetivos
que traçamos, pensando em um bem maior acima de tudo.
E foi assim que, para coroar um período repleto de expectativas e dedicação,
ouvi meu nome sendo chamado, na Noiva do Mar, Rio Grande, como uma das
nove prendas do Rio Grande do Sul, recebendo o título e o carinho de alguém
que admiro por demais, Caroline Borges de Lemos. Sagrei-me a 3ª Prenda Juvenil
do Rio Grande do Sul, 2015/2016, para viver um ano fantástico,
com meus colegas e suas famílias, vindos de muitas partes do Estado;
colegas estes que se tornaram amigos e, por fim, irmãos. Que felicidade enorme!
Eu e os amigos Bernardo Damião e Jardelino Coelho havíamos trazido três títulos
para nossa amada 9ª Região, em um mesmo ano, em uma mesma gestão,
e tínhamos a oportunidade de poder continuar dividindo este sonho e trabalhando juntos.
Durante anos, sonhei com o dia em que poderia ostentar uma faixa com a inscrição
“Rio Grande do Sul”, carregar minha maletinha e usar o crachá e o camafeu
dourado com o símbolo do MTG. Sonhei ainda mais do que com as
representações materiais; desenhei em meus pensamentos o dia em que poderia
viajar por todo o Estado, e utilizar o cargo de prenda estadual como instrumento
para repassar e adquirir conhecimento, conversar com tradicionalistas tidos por
mim como exemplo, visitar muitos lugares e fazer inúmeras amizades.
Soube que tudo isso era real quando vi nos olhos o encantamento de prendas com
quem tive contato, prendas que me disseram querer também ter esta oportunidade
e poderem fazer o seu melhor para representar o Estado do Rio Grande do Sul.
E eu disse a todas elas que é possível, pois, há pouco tempo atrás, era eu a
menina cujos olhos brilhavam ao se inspirar em prendas que deixaram seus
nomes marcados na história do Movimento. Pecarei se citar nomes, pois foram muitas
as meninas cujas posturas admirei em suas palestras, apresentações e dispensando
carinho para quem quer que fosse que lhe pedisse auxílio ou simplesmente para
tirar uma foto. Durante este ano tão especial, procurei fazer o meu máximo
para bem representar as meninas-moças deste Estado; procurei desenvolver
meu trabalho seguindo os passos de simplicidade e dignidade de minhas
antecessoras. Conheci pessoas incríveis e fui recebida de maneira ímpar em muitos
lares e Entidades; com muitas destas pessoas, passei a dividir meus sonhos,
minhas angústias, alegrias e momentos de pura diversão, e pude
Ao findar deste ciclo, agradeço. Ao Patrão Celestial, por ter me permitido nascer
nesta terra da qual tanto me orgulho e me proporcionar a dádiva de aprender
com as maravilhas que ela tem a oferecer; a meus incansáveis pais,
Pedro e Maria da Graça, por nunca medirem esforços para realizarem os meus
(nossos) sonhos, junto à amigos muito especiais, em nome dos quais cito
Jorge e Liane Soares, Lourdes e Antônio Benetti, Maristela Oliveira da Silva,
Clea Silva e Blair Carvalho. Ao CTG Tropeiros do Rio Branco, ao
CTG Clube Farroupilha, à 9ª Região Tradicionalista, à Diretoria do Movimento
Tradicionalista Gaúcho. As amigos de outrora e os que conheci há pouco,
aqueles que acolheram em suas querências, me auxiliaram, ouviram, auferiram
palavras de incentivo e, de alguma forma, me transmitiram força para seguir adiante.
À Gestão de Prendas e Peões do Rio Grande do Sul;
obrigada por terem feito deste sonho ainda melhor e mais bonito.
Queridas prendas, de tantos lugares e com tantos anseios em seus corações,
que estão se encaminhando à bela Passo Fundo neste maio: esta é para mim
uma cidade de sonhos, palco do início e do findar de minha trajetória enquanto
prenda juvenil, e irá também ser para vocês. Aproveitem cada minuto destes três
dias; se concentrem, mas também interajam, se divirtam, dividam estes
momentos especiais com pessoas especiais. Às que tiverem a oportunidade de
representar o Rio Grande do Sul até maio de 2017, tenham como meta desenvolver
suas atividades em prol do tradicionalismo com humildade e serenidade;
façam deste ano um dos mais mágicos de suas vidas, guiando-se, sobretudo,
pelo amor à esta causa.
Com imenso carinho,
Daiana Dal Ros
3ª Prenda Juvenil do Rio Grande do Sul 2015/2016."
Daia, parabéns por esta linda e exemplar história de vida, e de amor pelo tradicionalismo.
Podes ter a certeza de que, assim como tu te espelhas em algumas Prendas, muitas também se espelham em ti, na tua garra, coragem e paixão pelo Movimento. És exemplo pra muitas!
Fico feliz em contar com a tua trajetória aqui no blog, ainda mais, por saber que a muito tu acompanhas tudo por aqui.
Um beijo, e até sexta.
Nos vemos na Ciranda ;)
Nenhum comentário:
Postar um comentário